Capítulo 7 - Prometa-me

POV de Emily

Engatei a terceira marcha do caminhão enquanto subia a estrada íngreme e pedregosa rumo à Matilha da Lua Branca, meu lar nos últimos cinco anos. Eu estava em uma missão, e era bom poder voltar para casa novamente.

Foi ideia da Mila vir morar aqui, e mesmo que tenha sido difícil no começo deixar minha família para trás, eu estava orgulhosa do que tinha conseguido sozinha.

Meus pensamentos vagaram para aquela noite. Minha mãe fez um link mental com Mila, avisando que eu não estava bem e precisava de uma amiga.

Mila nem esperou o cheiro da minha mãe desaparecer do meu quarto quando entrou pela janela.

"Em," ela sussurrou. "Você está acordada?"

Balancei a cabeça, incapaz de dizer uma palavra.

"Você está bem?" Ela perguntou, subindo pela janela e entrando na cama comigo.

Mila me puxou para ela, e eu descansei minha cabeça em seu peito. Ela me deu um momento antes de começar a fazer perguntas.

"Pode me contar o que rolou?" Ela murmurou.

Balancei a cabeça enquanto as lágrimas enchiam meus olhos novamente.

Como o Alex pôde fazer isso comigo?

Por que ele fez isso comigo?

Por que ele não simplesmente me ignorou ou me contou sobre ela?

Perguntas sem resposta continuavam passando pela minha mente.

Mila suspirou. Ela nunca me viu tão chateada e infeliz, mesmo depois da minha tentativa fracassada de transformação.

"Ok, vou te dizer uma coisa," ela murmurou. "Vou adivinhar, e você balança a cabeça se eu acertar."

Balancei a cabeça lentamente, aceitando sua oferta.

"Ontem à noite, você encontrou seu par? Não foi?" Ela perguntou, e meu corpo ficou tenso.

Mila me conhecia bem demais.

Engoli em seco enquanto lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto, encharcando a camisa branca de Mila.

"Vou tomar isso como um sim," ela respondeu por mim.

Mila passou a mão pelo cabelo e soltou um suspiro profundo.

"Ele te rejeitou?" Ela perguntou cuidadosamente.

"Não!" Eu sussurrei, minha voz falhando.

Seguiu-se um silêncio.

"Então o que ele fez?" Ela perguntou, confusa.

"Ele escolheu outra pessoa," eu disse.

Mila levantou meu queixo e procurou meu olhar.

"Ele! fez o quê!?" Ela exclamou, furiosa.

Baixei o olhar, incapaz de continuar olhando nos olhos dela, e chorei atrás da minha mão.

Eu estava um caco e uma bagunça, e não sabia o que fazer!

"Quem é esse canalha?" Ela rosnou, com os olhos brilhando dourados. Sua loba estava na superfície, e ela queria sangue.

"Não importa," eu sussurrei.

"Importa sim!" Ela rosnou. "Ele tirou sua inocência, e agora escolhe outra para ser sua par! E você? Vai ser a amante dele? Um brinquedo? Que perdedor de m*rda! Você deveria rejeitar ele!"

Isso me fez chorar descontroladamente, e eu gritei enquanto a realidade me atingia.

Alex partiu meu coração. Ele me usou!

"Eu não consigo!" Engasguei entre os soluços. "Eu não posso rejeitá-lo. Eu não tenho uma loba!"

Mesmo se eu tentasse rejeitar Alex, não funcionaria — não até eu ter minha loba.

"M*rda!" A palavra escapou dos lábios de Mila. Ela não pensou nisso.

Mila suspirou e ficou em silêncio. Eu não tinha certeza do que passava pela mente dela, mas depois de um tempo, ela tirou o corpo debaixo de mim e se sentou ereta.

"Eu tenho uma ideia," ela disse, inclinando-se para frente.

Levantei meu rosto em direção a ela, sentindo que meus olhos estavam cansados e inchados de tanto chorar.

"E se a gente fugisse da Matilha Opala?" ela sugeriu, toda empolgada com a ideia. "Posso pedir ao meu tio na Matilha da Lua Branca se podemos ficar lá por um tempo, e quando você estiver pronta, você pode voltar e rejeitar ele. Podemos até fazer isso em público."

"Você faria isso por mim?" Eu perguntei, sentindo meu coração apertar. Mila era tão boa para mim.

"Sim," ela disse, assentindo. "Eu faria isso por você porque você é minha amiga."

"Mas você desistiria da sua vida aqui?" Eu disse, preocupada. "E sua família? Amigos? Jax?"

Mila sorriu como se já tivesse planejado tudo.

"Garota," ela disse. "Meu tio implorou para eu voltar para a matilha dele, mas eu fiquei por sua causa."

"Eu... te prendi aqui?" Murmurei, chocada, com lágrimas ardendo nos olhos.

"Eu queria ficar," ela disse, sorrindo. "Eu não podia te deixar aqui. Você é minha melhor amiga, e eu preciso de você tanto quanto você precisa de mim. Mas agora," ela deu de ombros, "pode ser que funcione. Podemos ir embora, e ninguém sequer suspeitaria disso."

Naquela noite, Mila ligou para seu tio e explicou minha situação; ele nem fez perguntas e enviou um carro para me buscar na fronteira da matilha.

Meus novos arredores eram um pouco esmagadores, e eu não lidei bem com meu coração partido. Eu ficava mais por conta própria e permanecia no meu quarto designado.

Mila e Jax se juntaram a mim uma semana depois.

"E-m-i-l-y," Mila cantou, entrando no meu quarto. "Onde você está?"

Eu ainda estava na cama com os cobertores puxados sobre minha cabeça quando Emily e Jax me encontraram.

Eu estava exausta. Não conseguia afastar a dor insuportável no peito e, para piorar meu desconforto, continuava sonhando com Alex, e meus sonhos terminavam comigo gritando a plenos pulmões.

Pra piorar, mal conseguia engolir comida e parei de comer no segundo dia, culpando o nervosismo por estar em uma nova matilha.

"Oh, meu Deus, Emily," Mila gritou preocupada quando me encontrou. "O que há de errado com você? Está se sentindo doente?"

"Eu não sei," eu disse, sentindo meu corpo e mente cederem à escuridão.

Acordei na enfermaria com Mila sentada ao meu lado. Ela tinha uma expressão preocupada no rosto.

"Desculpa," eu disse com a voz rouca, estendendo a mão para tocar a dela. Mila imediatamente se levantou, me fez sinal para ficar quieta e chamou o médico.

Não demorou nem alguns segundos até que o médico entrasse no meu quarto.

"Aah, bem-vinda ao mundo dos vivos, Sra. Parker," o médico disse, sorrindo. "Como está se sentindo? Consegue falar?"

Apontei para minha garganta. Estava seca e dolorida.

Mila entendeu e rapidamente pegou um copo na mesa ao lado, encheu com água e me entregou.

"Beba," ela disse. "Tome pequenos goles primeiro."

Fiz como ela disse, mas logo fiquei impaciente e bebi toda a água de uma vez.

Entreguei o copo de volta para Mila e voltei meu olhar para o médico.

"Estou bem," eu disse. "Melhor do que bem."

"Que bom ouvir isso," o médico disse. "Todos estávamos preocupados com a sua sobrevivência e a do seu filhote. Você estava severamente desidratada."

"Filhote? Tô grávida?" exclamei, atônita com o que ouvia.

"Isso mesmo," o médico disse. "E pelo que parece, você está grávida de um filhote Alfa."

O olhar de Mila se voltou para mim, e seu lábio inferior tremeu de choque.

Eu podia ler mil perguntas em seus olhos, mas ela precisava esperar até que o médico terminasse antes de poder fazer suas perguntas.

O médico puxou alguns exames e gesticulou para o tamanho do filhote. Filhotes Alfa crescem mais rapidamente do que outras classificações, e seu tamanho geralmente é o dobro, senão o triplo, do filhote médio.

Assenti, confirmando sua suspeita. Não ganharia nada escondendo a verdade.

O médico assentiu, anotou algo no papel e se desculpou.

"Por que você não me contou que Alex é seu companheiro?" Ela gritou comigo. "Você sabe em quanto problema estamos?"

"Ele não me queria, lembra!" Eu respondi. "Ele escolheu outra!"

Mila balançou a cabeça.

"Ele reuniu a matilha," ela disse com raiva. "E chamou você para subir no palco."

Eu estreitei os olhos para Mila.

"Ele queria anunciar algo, mas quando você não estava lá..."

"Provavelmente queria me rejeitar na frente da matilha," eu disse, cortando ela. "Que outra razão ele teria para chamar todos juntos?"

Deitei de volta na cama, e meu olhar acabou no teto. As lágrimas haviam secado e, pela primeira vez, minha mente estava clara.

"Me prometa que você não vai contar a ele que estou aqui," eu disse.

"Mas você vai sentir..."

"Eu vou me virar," eu disse.

Meu olhar pousou na patrulha da fronteira, e eu reduzi a velocidade do caminhão. Não precisava me identificar por causa do meu posto e status na matilha, mas um dos guerreiros acenou para mim e gesticulou para eu parar.

Fiz o que ele pediu, achando um pouco estranho.

"Bem-vinda de volta, Parker," o guarda me cumprimentou.

"Bom dia, Joe," eu disse, "qual é o problema?"

"O Rei Xavier quer falar com você," ele disse. "Parece urgente."

Eu podia ouvir a urgência na voz do guarda.

Agradeci e segui meu caminho para dentro da matilha, mas nunca pensei que minha próxima missão me levaria tão perto de casa.


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