Capítulo 2: Segredos velados
Ariana
A luz da manhã filtrava pelas cortinas, lançando um brilho suave e dourado pelo meu quarto. Fiquei imóvel por um momento, minha mente um turbilhão de emoções conflitantes e memórias emaranhadas da noite anterior.
A escapada da noite passada era um segredo que eu guardava com carinho, escondido como um tesouro frágil, longe de olhares curiosos. Eu havia escapado da segurança do território da nossa alcateia, atraída pela aventura e pelo gosto da liberdade que puxava as cordas do meu coração. Com meus amigos como cúmplices dispostos, fomos à infame festa de aniversário de Lucas, o enigmático Alfa da Alcateia da Lua de Sangue.
À medida que a noite se desenrolava em um turbilhão de risadas, música e a eletricidade da antecipação, encontrei-me atraída para um mundo que eu só havia sonhado. E então, havia ele—Lucas. Carismático e perigoso, sua presença comandava atenção de uma maneira que tanto me intrigava quanto me deixava nervosa.
Conversamos, dançamos e rimos, a conexão entre nós crescendo mais forte a cada momento que passava. Mas, à medida que a noite avançava e as inibições desapareciam, uma onda de imprudência tomou conta de mim. Impulsionada por uma mistura inebriante de adrenalina e álcool, permiti-me sucumbir ao desejo—uma escolha que agora pesava fortemente na minha consciência.
A memória do nosso encontro ardente permanecia nos recessos da minha mente, uma tapeçaria de sensações que deixava meu coração acelerado e minhas bochechas coradas de tanto constrangimento quanto desejo. A intimidade que compartilhamos era um segredo que eu não podia deixar que ninguém descobrisse, uma verdade que tinha o poder de destruir o mundo frágil que eu havia cuidadosamente construído.
Mas havia mais nessa teia de segredos do que apenas minhas próprias indiscrições. Meu coração doía por um amor que eu ainda não havia experimentado—o vínculo com um companheiro que estava destinado a me completar, a trazer luz para as sombras da minha existência. No entanto, o destino tinha um senso de ironia cruel, revelando que o notório Alfa da Alcateia da Lua de Sangue, o próprio Lucas, era o companheiro que eu estava esperando.
Emoções misturadas giravam dentro de mim—uma mistura de surpresa agradável e antecipação nervosa. Eu não podia negar a conexão elétrica que senti com Lucas, a faísca que se acendeu entre nós. No entanto, eu sabia muito bem que meu pai, o resoluto Alfa da Alcateia da Lua Prateada, nunca consentiria uma união com Lucas. As histórias de sua crueldade, sua ascensão ao poder manchada de sangue, estavam gravadas na história da nossa alcateia.
E assim, escolhi manter meu segredo guardado, escondido sob uma fachada de normalidade. Voltei para casa sob o manto da escuridão, deslizando para o meu quarto com a graça silenciosa de uma sombra. Meus pais não suspeitavam de nada, sua ignorância era uma bênção à qual eu me agarrava como um salva-vidas.
Nos limites do meu quarto, eu lutava com o peso das minhas escolhas. A memória da intimidade da noite passada me deixava com uma mistura de arrependimento e desejo. Foi um momento que nunca poderia ser desfeito, um passo dado no calor do momento que agora tinha consequências de longo alcance.
A ausência do amor dos meus pais pesava sobre mim como um fardo pesado, um lembrete constante do meu lugar na nossa alcateia. O vínculo que eu compartilhava com eles sempre foi tênue, seu afeto aparentemente reservado para minha irmã gêmea, Seraphina. Ela era a personificação da força e da graça, uma guerreira cujos movimentos atraíam admiração e respeito.
Quanto a mim, eu era uma Omega—uma mera sombra em seu rastro luminoso. Minhas tentativas de provar meu valor foram recebidas com desdém e negligência, os sussurros do julgamento da alcateia um zumbido constante no fundo da minha existência.
Mas não eram apenas minhas próprias lutas que pesavam fortemente no meu coração. Seraphina, a criança dourada, guardava seus próprios segredos sob a superfície. Longe de olhares curiosos, ela se retirava para a mansão, buscando consolo na escuridão enquanto lágrimas silenciosas escorriam por suas bochechas.
Foi durante uma dessas noites que tropecei em uma verdade que destruiu a imagem idealizada que eu tinha dela. As sombras iluminadas pela lua revelaram uma cena que me deixou congelada—um momento de intimidade entre Seraphina e o beta do meu pai.
Meu coração apertou com uma mistura de choque e traição enquanto eu assistia, incapaz de desviar o olhar. As promessas sussurradas e a vulnerabilidade compartilhada eram um contraste gritante com a fachada que apresentavam à alcateia. Foi um lembrete amargo de que mesmo aqueles que admiramos não são imunes às imperfeições.
Virei-me, o peso da verdade assentando-se como uma pedra no meu peito. Os laços de lealdade e fidelidade familiar foram testados enquanto eu lutava com o conhecimento do caso secreto da minha irmã. Era um fardo que eu carregava além do meu próprio, uma teia emaranhada de emoções que ameaçava me prender em sua complexidade.
Minha irmã Seraphina, a próxima guerreira feminina da Alcateia da Lua Prateada, está secretamente tendo um caso com o Beta do meu pai.
Enquanto eu estava deitada na cama, sabia que o caminho à frente era incerto e cheio de desafios. Os segredos que eu guardava, tanto os meus quanto os da minha irmã, lançavam sombras sobre o mundo que eu pensava conhecer. Mas, em meio à incerteza, uma determinação ardia dentro de mim—navegar pelas reviravoltas do destino, encontrar meu próprio lugar em um mundo onde segredos, desejos e as complexidades do amor se entrelaçam.



















































