Capítulo 5: Lágrimas na chuva

Ariana

A chuva batia contra a vidraça em um ritmo constante, um pano de fundo sombrio para a turbulência que fervilhava dentro de mim. Eu estava parada do lado de fora das imponentes portas da sala de reuniões da Alcateia da Lua de Sangue, meu coração batendo forte no peito enquanto lutava contra as ondas de ansiedade que ameaçavam me engolir.

O Beta havia entregue a mensagem, uma ordem fria para que eu saísse imediatamente, que eu não era bem-vinda naquele lugar. A dor da rejeição havia sido profunda, mas eu não podia simplesmente aceitar. Eu não podia deixar que o mal-entendido de Lucas permanecesse, não quando tinha o potencial de destruir a frágil conexão que havia se formado entre nós.

A determinação ardia dentro de mim enquanto eu empurrava a pesada porta, entrando na sala mal iluminada. Meu olhar pousou nele—Lucas, o notório Alfa, que estava sentado à cabeceira de uma mesa grandiosa, sua expressão uma mistura de curiosidade e irritação enquanto me observava.

O ar estava carregado de tensão enquanto eu me aproximava, meus passos ecoando pelo vasto espaço. Encarei seu olhar diretamente, minha voz firme enquanto começava a explicar, "Alfa Lucas, parece haver um mal-entendido. Não fui eu quem—"

Mas ele me interrompeu com um gesto desdenhoso da mão, sua voz gotejando condescendência. "Poupe seu fôlego, Ômega. Já ouvi o suficiente."

"Eu nunca aceitaria uma Ômega como minha Luna." sua voz havia declarado, um decreto severo que me atingiu como uma adaga no coração.

"Você deveria aprender com sua irmã, em vez de se tornar uma ômega inútil, não sente vergonha de tantos escândalos? Saia agora, você deve entender que suas ações vão machucar Seraphina."

A rejeição foi rápida e impiedosa, suas palavras ecoando em meus ouvidos enquanto eu tropeçava para fora da sala. Eu havia pensado que confrontá-lo, revelando a verdade, iria fechar a lacuna entre nós. Mas, em vez disso, ela havia se ampliado, me deixando sentindo como um peão descartado em um jogo que eu nunca poderia vencer.

As palavras pairavam no ar como uma nuvem pesada, cada uma um golpe na minha já frágil autoestima. Cerrei os punhos, minha dor mascarada por uma fachada de determinação. Eu não podia deixá-lo acreditar em uma mentira, não quando isso poderia alterar irrevogavelmente o curso da minha vida.

"Não, você não entende. Foi um engano," insisti, minha voz tremendo apesar dos meus esforços para permanecer resoluta.

Ele se recostou na cadeira, seu olhar inabalável enquanto me observava com uma mistura de diversão e desdém. "Você realmente acredita que eu a confundiria com outra pessoa?"

Suas palavras foram como um soco no estômago, um lembrete claro do vasto abismo que nos separava. Eu havia esperado que, falando diretamente com ele, confrontando o mal-entendido de frente, pudesse fechar essa lacuna e fazê-lo ver a verdade.

"Por favor, apenas escute. Eu não sou quem você pensa que sou, seu lobo pode sentir isso, eu sou sua companheira," implorei, minha voz mal passando de um sussurro.

Ele zombou, seus olhos se estreitando enquanto me estudava com um toque de desdém. "Não tenho interesse nas suas desculpas, Ômega."

O peso de sua indiferença era esmagador, a realidade de sua rejeição afundando como uma pedra pesada. As palavras de Lucas eram como uma lâmina afiada, cortando minha determinação e me deixando vulnerável, exposta.

"Eu... eu só queria ter certeza de que você soubesse a verdade," sussurrei, minha voz tremendo com uma mistura de frustração e dor.

Um sorriso amargo surgiu nos cantos de seus lábios, seu olhar nunca deixando o meu. "E agora você já disse. Pode ir."

A dispensa foi clara, final, e senti meu coração se despedaçar em mil pedaços. Virei-me, meus passos pesados enquanto refazia meu caminho em direção à saída. A chuva lá fora espelhava a tempestade que rugia dentro de mim, as lágrimas que ameaçavam cair dos meus olhos se misturando perfeitamente com as gotas de chuva que escorriam pela vidraça.

Quando saí para a noite, o aguaceiro me encharcou em segundos, minhas roupas grudando na pele. Abracei-me, uma tentativa fraca de me proteger tanto da chuva quanto da dor que ameaçava me consumir.

Tropecei pelo caminho lamacento, minha visão embaçada por lágrimas e chuva, o mundo ao meu redor um borrão distorcido e surreal.

Foi uma caminhada solitária, uma jornada que espelhava a solidão que eu sentia profundamente na minha alma. A crueldade de Lucas ecoava em meus ouvidos, sua rejeição uma ferida que infeccionava a cada passo que eu dava para longe dele.

Quando cheguei aos arredores do território da Alcateia da Lua de Sangue, estava encharcada até os ossos, a chuva fria penetrando no meu âmago. O mundo ao meu redor parecia uma névoa, meus pensamentos consumidos pela dor que irradiava do meu coração.

Caí de joelhos no chão molhado, a chuva se misturando com minhas lágrimas enquanto me permitia lamentar. "Que se dane companheiro, eu não preciso disso."

Sou uma loba solitária, ou melhor, nem tenho a essência de uma loba. É como se eu tivesse sido abandonada por Deus. Devo me entregar à autopiedade?

Enquanto a chuva continuava a cair, sussurrei uma promessa silenciosa para mim mesma—uma promessa de me levantar dessa escuridão, de encontrar força na minha vulnerabilidade e de forjar um caminho que fosse unicamente meu. A crueldade de Lucas me feriu profundamente, mas não me definiria. Com a chuva como minha testemunha, prometi recuperar meu coração despedaçado e emergir dessa tempestade mais forte, mais sábia e pronta para enfrentar quaisquer desafios que estivessem por vir.

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