Capítulo 7 Grávida
Ariana
As palavras foram como uma adaga no meu coração, um lembrete cruel da minha própria insignificância percebida. Eu sabia que ela não queria me machucar intencionalmente, mas o impacto de suas palavras foi profundo, deixando uma ferida que parecia se alargar a cada momento que passava.
Antes que eu pudesse responder, meus pais entraram no quarto, seus rostos radiantes de orgulho. "Querida, estamos tão ocupados com os preparativos do casamento que quase esquecemos de ver como você está," exclamou minha mãe, sua voz cheia de preocupação.
Meu pai assentiu em concordância. "Como você está se sentindo, minha querida?"
Eu lhes ofereci um pequeno sorriso cansado, minha voz mal acima de um sussurro. "Vou ficar bem. Só preciso de um pouco mais de descanso."
A risada da minha irmã ecoou novamente, um som que irritava meus nervos já desgastados. "Descansando como sempre, vejo. Bem, não se preocupe, Lucas vai poder cuidar de você quando ele for oficialmente parte da família."
Suas palavras eram uma mistura de provocação e zombaria, um lembrete das minhas próprias inadequações percebidas. Senti um nó se formar na minha garganta, o peso das emoções não ditas ameaçando transbordar.
Minha mãe lançou um olhar repreensivo para Seraphina antes de se voltar para mim, seus olhos suavizando com genuína preocupação. "Não ligue para ela, querida. Você é tão importante para nós, mesmo que seu caminho seja diferente."
Eu assenti, grata pelas palavras da minha mãe, mesmo que elas pouco fizessem para acalmar a dor no meu peito. A chuva lá fora parecia se intensificar, combinando com a tempestade de emoções que rugia dentro de mim.
Enquanto minha família permanecia no meu quarto, o casamento iminente lançava uma longa sombra sobre o espaço. Eu não podia deixar de me sentir como uma estranha, uma figura solitária em meio a uma celebração que destacava minha própria dor.
Com a chuva como minha testemunha, silenciosamente prometi superar os sussurros de dor e as sombras da dúvida. Enquanto minha família continuava a discutir o casamento que se aproximava, agarrei-me a essa nova determinação, sabendo que o caminho à frente seria desafiador, mas determinada a enfrentá-lo com coragem e força.
Dois meses se passaram, um borrão de dias marcados tanto pela recuperação física quanto pela cura emocional. À medida que eu lentamente recuperava minha força, descobri que estava grávida.
O pânico me dominou, a realização da minha situação ameaçando me engolir em um mar de incertezas. Minha mente corria com perguntas, cada uma mais assustadora que a anterior. Como eu poderia enfrentar minha família? Como eu poderia criar um filho sozinha? O peso das minhas decisões, as consequências das minhas ações, pressionavam sobre mim com uma intensidade sufocante.
Mas mesmo enquanto o medo corroía meu interior, uma determinação feroz ardia dentro de mim. Eu me recusava a deixar meu filho sofrer por meus erros, a nascer em um mundo que o julgaria pelas circunstâncias de sua concepção. Eu a protegeria.
À medida que o dia do casamento de Lucas com Seraphina se aproximava, um sentimento de desolação se instalou em mim. Observei das sombras, escondida entre a multidão, enquanto eles trocavam votos e selavam sua união com um beijo. A visão deixou um gosto amargo na minha boca, um lembrete do amor que eu esperava, mas nunca poderia alcançar.
Lágrimas escorriam pelo meu rosto, cada uma um testemunho silencioso da dor que apertava meu coração. Eu me sentia abandonada pelo mundo, à deriva em um mar de anseio e arrependimento. Mas em meio ao tumulto, uma nova determinação começou a criar raízes.
Pelo bem da vida que crescia dentro de mim, pelo filho que dependeria de mim para sua própria existência, eu sabia que tinha que fazer uma escolha difícil.
Enquanto me afastava da multidão, a chuva começou a cair novamente, um lembrete suave das tempestades que marcaram minha jornada. Com cada passo que eu dava para longe do casamento, carregava comigo um renovado senso de propósito—um propósito que me guiaria para o sul, para um lugar onde eu poderia criar uma nova vida para mim e para meu filho ainda não nascido.
A grandiosidade das festividades do casamento havia se dissipado na noite, deixando para trás um senso de realização e aliança que eu não podia deixar de apreciar. A união de nossas duas tribos trazia promessa e potencial, um passo em direção a um mundo de lobisomens mais unido. Como Alfa, era uma responsabilidade que eu levava a sério.
Meus olhos captaram breves vislumbres de Seraphina durante a celebração, sua presença tão radiante como sempre. Foi apenas um mês atrás que tivemos uma breve troca de palavras, uma conversa que deixou uma impressão em mim. Sua independência, sua força—era um contraste com o papel submisso que eu sempre esperava de uma Ômega.
Mas não foi até a noite do casamento que eu realmente comecei a ver além da superfície. Quando Seraphina ficou diante de mim, sua beleza evidente mesmo na câmara mal iluminada, algo chamou minha atenção.
Não havia marca da lua em seu corpo, a marca que a identificaria como minha companheira escolhida. A confusão se agitou dentro de mim enquanto eu observava sua aparência, a realização se assentando pesadamente em meu peito.
"Lucas," ela murmurou, sua voz com um toque de sedução.
Mas meu foco havia mudado, minha atenção atraída pelas sutis mudanças que haviam escapado ao meu olhar antes. O cheiro que pairava ao seu redor—era diferente do perfume intoxicante que encheu o ar na noite em que nos conhecemos. Estava contaminado, a pureza manchada pelo traço inconfundível de outros lobos.
Meu olhar se estreitou enquanto eu me aproximava, meus olhos se fixando nas marcas que adornavam a parte de trás de seu pescoço—uma série de marcas de chupões, evidências de intimidade recente. Meu coração batia forte no peito, uma mistura de raiva e descrença inundando-me.
"O que é isso?" Eu exigi, minha voz afiada e acusatória.
Suas bochechas coraram, uma mistura de vergonha e culpa cruzando suas feições. "Não é nada, apenas... um mal-entendido."
Dei um passo para trás, o peso da revelação se assentando sobre mim. Esta não era a mesma Seraphina que eu havia encontrado antes, a mulher forte e independente que havia deixado uma impressão em mim. Esta era uma versão diferente.
Minha mandíbula se contraiu enquanto eu lutava para processar a informação diante de mim.
"Onde você estava no seu aniversário?" Perguntei, minha voz baixa e medida.
O olhar de Seraphina vacilou, seus olhos evitando os meus. "Eu... eu estava com amigos. Celebrando."
Uma onda de raiva percorreu meu corpo enquanto eu juntava as peças do quebra-cabeça. A alegação de Seraphina, as marcas no pescoço de Seraphina—era uma teia de enganos, um esquema projetado para enganar e manipular.
"Você está mentindo," afirmei, meu tom inabalável. "Você não é ela!"
Sua fachada começou a desmoronar, a culpa e o desespero evidentes em seus olhos. "Lucas, por favor, deixe-me explicar."
Mas eu já tinha ouvido o suficiente. Meu peito apertou, a realização me atingindo como um golpe físico. Eu havia sido enganado, manipulado por aqueles em quem confiava.
"Não," respondi, minha voz firme. "Não há mais nada a dizer." Olhei para sua testa e não havia nem mesmo uma marca da lua nela.
"Lucas, eu te ordeno, pare agora! Estamos casados, na presença de todos os lobisomens. De qualquer forma, agora somos marido e mulher."
Virei-me para longe dela, o peso da verdade se assentando pesadamente em meus ombros. O quarto parecia sufocante, o ar espesso com traição e engano. Eu precisava sair, clarear minha mente e fazer sentido do caos que havia se desenrolado.
Quando saí para a noite, a chuva caía em torrentes, cada gota um reflexo da tempestade dentro de mim. Meus pensamentos eram um turbilhão de confusão e raiva, minha dor se misturando com um senso de remorso pela situação em que eu havia me envolvido sem saber.
E então, em meio ao aguaceiro, pensei em Ariana—a Ômega que eu havia conhecido brevemente, aquela que admitiu um erro que não era dela. Senti uma pontada de simpatia por ela, um reconhecimento da injustiça que ela havia sofrido.
Não podia ignorar a sensação incômoda de que havia cometido um grave erro, que deixei meus próprios preconceitos nublarem meu julgamento. A imagem dos olhos cheios de lágrimas de Ariana me assombrava, e eu parti na noite chuvosa. Eu precisava encontrar Ariana.



















































