Capítulo 2

POV da Elena

Eu prendi uma mecha solta de cabelo atrás da orelha enquanto organizava a pilha de provas na minha mesa. Dois anos de experiência como professora me ensinaram a corrigir rapidamente, mas hoje minha mente continuava a divagar.

Depois daquela noite, trouxe meus filhos para Wolf Creek, uma cidade remota. Uma grande floresta cercava a área. Diferente da cidade movimentada onde ele morava, este lugar era tranquilo, mas eu gostava disso. Estamos morando aqui há seis anos agora. Embora o começo tenha sido difícil, as crianças e eu conseguimos superar. Nossa vida era relativamente feliz, mas eu ainda não conseguia parar de pensar na minha outra filha. Eu me perguntava se Richard estava cuidando bem dela.

"Elena," a voz de Morgan interrompeu meus pensamentos. Ela estava encostada no batente da porta da minha sala de aula. "Estou aqui há um minuto inteiro te observando olhar para esse papel."

Sorri, colocando minha caneta vermelha de lado. "Desculpe. Só um daqueles dias em que meu cérebro se recusa a se concentrar."

Ela entrou na sala, olhando para o relógio. "Vim buscar a Sarah, mas estou adiantada. Quer tomar um café?"

"Sempre," respondi, grata pela distração.

Fomos para a cafeteria da escola e pedimos dois cappuccinos. Morgan me contou sobre seu dia na clínica. Desde que cheguei com meus filhos há seis anos, nos tornamos amigas. A matilha dela não me afastou, mas me aceitou. Ela nunca fez muitas perguntas sobre meu passado—uma gentileza pela qual ainda sou grata.

"Recebemos um novo paciente ontem à noite," ela disse, abaixando a voz. "Um verdadeiro desafio. Calmo durante o dia, mas quando a noite chega..." Ela balançou a cabeça. "Ele fica agitado, começa a se transformar incontrolavelmente, destruindo tudo ao redor."

"De qual matilha ele é?" Fiquei curiosa.

"Não tenho certeza, só sei que ele é de Moonhaven. E ele é um Alfa poderoso," ela disse baixinho. "Ele já visitou dezenas de clínicas de lobisomens, mas ninguém conseguiu resolver sua condição."

Moonhaven? Será que poderia ser o Richard?

"Olha, eu preciso buscar a Sarah," Morgan disse, checando o relógio novamente. "Você vai buscar os gêmeos logo, né?"

Assenti. "Sim, a última aula deles termina em vinte minutos."

"Até amanhã então."

Depois que Morgan saiu, me apoiei no balcão, respirando fundo para acalmar meu coração acelerado. Não é ele. Não pode ser ele.


O parquinho estava cheio de atividade enquanto eu fazia meu caminho através da multidão de pais e crianças. Vi a Lily primeiro—seu vestido roxo e suas tranças gêmeas balançando enquanto ela corria na minha direção.

"Mamãe!" Ela se jogou nas minhas pernas, envolvendo os braços ao redor dos meus joelhos. "Você está atrasada hoje!"

Ajoelhei-me, limpando uma mancha de sujeira de sua bochecha. "Desculpe, querida. Você esperou muito?"

Ela balançou a cabeça, os olhos castanhos brilhando de excitação. "Está tudo bem. O Max me deu alguns biscoitos."

Alisei seu cabelo castanho. "Foi gentil da parte do seu irmão. Onde ele está?"

"Ele está ajudando a professora com alguma coisa." Lily apontou para a sala de aula.

Como se fosse um sinal, a professora apareceu com Max ao seu lado. Ela sorriu calorosamente enquanto se aproximavam.

"Senhora Winter, seu filho é um verdadeiro gênio," ela disse. "Nosso projetor e a rede tiveram problemas, e o Max consertou tudo em menos de dez minutos."

Olhei para Max, que deu de ombros com uma modéstia fingida, embora eu pudesse ver o orgulho em seus olhos.

"Ele tem um dom para eletrônicos," eu disse, tanto orgulhosa quanto ligeiramente preocupada. Aos seis anos, as habilidades de Max com tecnologia já rivalizavam com a de muitos adultos. "Espero que ele não tenha atrapalhado a aula."

"Pelo contrário, ele nos salvou do inconveniente de ter que dar a aula verbalmente." A professora apertou o ombro de Max. "Somos sortudos por tê-lo aqui."

Quando a professora se afastou, Max sorriu para mim. "Você ouviu isso, mãe? Eu usei o truque que aprendi naquele vídeo do YouTube."

Desgrenei seu cabelo. "Meu pequeno gênio. Como foi sua prova?"

Ele abriu a mochila e tirou uma folha com uma pontuação perfeita no topo. "A professora disse que eu usei um método de resolução que ela nunca nos ensinou."

"Isso é incrível, Max." Eu o abracei forte, meu peito se enchendo de orgulho. Eu vejo o pai dele em Max. O pensamento veio sem ser convidado, e eu rapidamente o afastei.


De volta para casa, eu me movia pela nossa pequena cozinha, preparando o jantar enquanto Max e Lily estavam à mesa fazendo lição de casa. Nossa casinha não era chique, mas era acolhedora e confortável.

"Mãe," Lily disse de repente, olhando para cima do seu livro de colorir, "tem uma menina nova na minha classe hoje. Ela se parece comigo!"

Quase deixei cair a colher de pau que estava segurando. "O quê?"

"Ela tem o mesmo cabelo e olhos que eu. A professora achou que éramos irmãs!" Lily riu. "Mas ela não sorri muito. Ela parece triste o tempo todo."

Max assentiu, sem levantar os olhos do dever de casa. "Eu a vi também, quando estava consertando o projetor. Tinha uma mulher pegando ela—não acho que era a mãe dela. Ela não parecia ser legal."

Meu coração apertou, e um pensamento que eu mal acreditava cruzou minha mente, mas então balancei a cabeça.

"Esta cidade é bem pequena," eu disse, tentando manter a voz firme. "Provavelmente é só coincidência."

"Talvez," Max disse, com um tom que sugeria que ele não estava totalmente convencido.

Meu telefone tocou, interrompendo meus pensamentos. O nome de Morgan apareceu na tela.

"Elena," ela disse urgentemente, "preciso que você venha à clínica. Aquele paciente que mencionei—o estado dele está piorando. Já tentei de tudo, mas..." Ela abaixou a voz. "Precisamos das suas habilidades."

"Morgan. As crianças..."

"Eu cuido da Lily," Max interrompeu, claramente ouvindo a conversa. "Eu já sou grande o suficiente. Vamos ficar bem."

Cobri o telefone. "Max, eu não posso deixar vocês dois sozinhos."

Ele endireitou os ombros. "Mãe, se alguém está machucado e você pode ajudar, você deve ir. Eu vou proteger a Lily."

Depois de um momento de hesitação, concordei em encontrar Morgan na clínica em trinta minutos.


Morgan me encontrou na entrada dos fundos, seu rosto marcado pela preocupação.

"Graças a Deus você está aqui," ela sussurrou, me conduzindo por um corredor mal iluminado. "Ele está piorando. Os sedativos não estão mais funcionando."

Morgan e eu chegamos rapidamente do lado de fora do quarto do hospital. Através da janela, eu o vi—o homem que eu havia ressentido por tanto tempo.

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