Capítulo três.
17:55 - Restaurante - Boucherie Union Square - EUA - Nova York.
Sexta-feira.
Melissa Miller.
- Quero dançar até não aguentar mais. - Laura diz animada enquanto tira o uniforme.
Eu sorrio com o entusiasmo dela.
- Eu também quero dançar até não aguentar mais. Também quero beber muito, faz tempo que não tomo um drink.
Coloco meu vestido e fecho a porta do armário.
- Sim, quero estar sexy esta noite. - Ela fechou a porta do armário. - Se eu não voltar para casa, lembre-se que estou transando.
Isso me fez rir.
-
Você está louca para ficar chapada, não é, garota safada? - Ela olhou para mim com um sorriso maroto.
-
Você não faz ideia.
Eu neguei com a cabeça.
Tenho certeza de que ela vai encontrar alguém logo, Laura tem um corpão.
Saímos da sala dos funcionários e esperamos Fred.
- Hoje teve poucos clientes.
Olhei para ela e concordei.
-
Sim, o chefe idiota pode nos culpar por isso. - Eu sussurrei para ela.
-
Não duvido nada.
No começo, o restaurante estava sempre cheio de gente, o que nos deixava exaustas. Eu chegava em casa com os pés todos doloridos, era tanta correria que nem dava tempo de almoçar. Tínhamos que comer algo escondido do nosso chefe babaca. - Eu realmente quero denunciá-lo por exploração, mas pode ser que eu não ganhe nada. Gostando ou não, ninguém aqui testemunharia contra ele, então temos que ficar quietas.
Acho que deveria encontrar outro emprego, não aguento mais. Saí do Brasil quando tinha vinte e dois anos porque queria vir para os Estados Unidos trabalhar, hoje tenho vinte e quatro e tenho um emprego de merda. Só vim para este país pelo dinheiro, no começo queria ser babá porque paga muito bem. Mas não tive sorte.
-
Cheguei! - Fred diz ao se aproximar de nós. - Vamos?
-
Vamos! - Dizemos juntas.
Sempre vínhamos de Uber, mas voltávamos com Fred porque ele tem carro. Assim que Verônica terminou o trabalho, ela foi se trocar e saiu.
Queria que ela fosse para a balada com a gente.
-
Vou para casa pegar umas roupas, vou me arrumar na sua casa.
-
Sem problemas. - Laura respondeu.
Eu sempre escolho sentar no banco de trás, enquanto Laura senta ao lado de Fred.
-
Vai pegar alguém hoje, Mel? - Fred perguntou.
-
Não sei. No momento só consigo pensar em querer beber e dançar. Mas se eu encontrar alguém interessante, vou pegar.
Eles acabaram rindo juntos.
- Tem que ser assim mesmo, gata.
Como Fred sempre nos leva para casa, Laura começa a conectar música no Bluetooth do carro. Eu apresentei algumas músicas brasileiras para eles, e os dois ficaram viciados na música Saliênciazinha. Eles cometem alguns erros, mas conseguem cantar perfeitamente.
Eu só fico ouvindo eles cantarem com seus sotaques gringos. É muito engraçado.
18:20 - Casa do Fred - EUA - Nova York.
-
Já volto. - Ele saiu do carro e foi rápido para sua casa.
-
Você vai usar aquele vestido vermelho sexy. - Ele disse do nada.
-
Aquele vestido é meio curto. Meu bumbum é grande demais, vai ficar muito à mostra.
-
Eu não me importo, você vai usar isso e ponto final. - Revirei os olhos.
-
Sim, senhora. - Respondi indignada.
-
Você vai me agradecer depois, quando chamar a atenção de homens bonitos.
Sorri levemente com isso.
-
Viu? Você gostou. - Ela riu.
-
Sua idiota!
Alguns minutos se passaram e logo vimos Fred voltando com uma sacola nas mãos.
-
Trouxe umas roupas para dormir. - Ele começou a falar assim que entrou no carro.
-
Vai dormir no sofá. - Eu disse.
Como não temos um terceiro quarto, o apartamento é muito pequeno e, felizmente, tem dois quartos.
-
Eu sei disso, querida. Já dormi lá, você esqueceu?
-
Você está um saco hoje. - Ambos riram.
-
Mas você nos ama! - Laura respondeu com um grande sorriso.
-
Infelizmente, você tem que nos aturar.
E novamente os dois começaram a cantar a música muito alto.
-
Se formos parados pela polícia, vou dizer que fui sequestrada por vocês dois. - Avisei.
-
Não se preocupe.
Encostei a cabeça no vidro e observei a rua.
Será que vou conhecer alguém interessante lá? Espero que sim, quero me divertir muito hoje.
18:49 - Prédio - EUA - Nova York.
Saímos do carro depois que Fred o estacionou na garagem do prédio.
Como Fred está sempre aqui, alugamos uma garagem para ele estacionar o carro dentro do prédio. Ele tem sido muito útil, então fizemos isso.
-
Ainda não consertaram o elevador?
-
Infelizmente, não. - Respondi, já ficando irritada só de pensar nesse problema.
-
O que eles fazem com o dinheiro que recebem?
Laura e eu demos de ombros.
- Não sabemos.
Subimos as escadas em silêncio. Alguns moradores nos cumprimentaram, enquanto outros passaram por nós como se nem existíssemos. Estamos acostumados e não nos importamos, especialmente eu. Se quiser falar comigo, vá em frente, mas se não quiser, nem precisa olhar para mim.
Chegamos ao terceiro andar e entramos no nosso apartamento.
-
Eu vou ser o primeiro a tomar banho. - Fred correu para o banheiro assim que entrou no apartamento.
-
Que idiota! Eu vou ser a primeira! - Laura foi atrás dele.
Eu só tenho amigos infantis.
Fechei a porta do apartamento e coloquei minha bolsa no sofá.
-
Aquele idiota entrou no banheiro. - Laura sentou-se no sofá emburrada.
-
Vai tomar banho no meu quarto. - Ela me olhou com os olhos brilhando de alegria.
-
Posso?
-
Vai lá, eu vou pegar algo para comer.
-
Que ótimo. - Ela beijou minha bochecha. - Obrigada, Laura.
O quarto da Laura não tem banheiro, só o meu. E um banheiro no corredor. Sempre me perguntei por que ela não escolheu meu quarto para ficar, já que tem banheiro. A razão é que o quarto em que estou é bem escuro, ela tem medo do escuro, enquanto o quarto dela é bem iluminado.
Eu não tenho problema em dormir em um quarto muito escuro, mas ela tem. Então, como presente, comprei para ela uma luminária que tem várias cores e deixa o quarto bem iluminado. Ela ainda tem isso até hoje.
Bem, vamos comer algo, ir ao clube com fome é uma coisa ruim.







































































































































