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ALEXANDER

Cinco anos depois.

O cansaço estava me consumindo — me corroendo dia após dia.

Eu havia suportado isso por cinco anos — cinco malditos anos de miséria, e não estava aliviando. Não importava o que eu fizesse, ou o quanto eu tentasse me afogar em trabalho ou distrações, isso permanecia.

Os papéis do divórcio foram assinados e arquivados como um pesadelo ruim, e essa foi a última vez que eu a vi — mas sua ausência era como uma ferida aberta que se recusava a cicatrizar.

Não me entenda mal — eu não sentia falta dela. Não como um homem sente falta de sua mulher. Inferno, eu nem a amava mais. Eu só queria — não, precisava — saber que ela estava lá fora, sofrendo. Criando seu filho sozinha, sem um centavo. Isso teria sido minha única satisfação nesse caos. Em vez disso? Eu tinha nada além de silêncio absoluto!

O verdadeiro problema nem era que ela havia partido depois de arruinar tudo — isso foi uma bênção, eu queria que ela fosse embora.

O que mais me corroía era seu desaparecimento completo. Como se ela nunca tivesse existido, e isso me irritava mais do que eu poderia expressar.

Eu olhei para os papéis na minha mesa — contratos e relatórios que antes exigiam minha total atenção. Agora, eram apenas um borrão. Minha concentração estava prejudicada há semanas.

Eu esfreguei as têmporas, sentindo outra dor de cabeça chegando. Era o mesmo todos os dias — eu seguia os movimentos, fingindo funcionar, mas o homem que eu costumava ser havia desaparecido. O trabalho era feito, mas a paixão? Ela havia levado isso com ela.

Eu tentava dia após dia enterrar qualquer pensamento sobre ela, eram tóxicos pra caramba, mas eu não conseguia deixar pra lá. Parecia que eu não podia ser feliz se houvesse uma mínima possibilidade de que ela também pudesse estar. Eu precisava saber que ela estava sofrendo como ela me fez sofrer.

Era ainda mais louco como ela ainda estava me destruindo muito tempo depois de eu ter me livrado de sua sujeira. Sua ausência era como um fantasma me assombrando.

Meu telefone tocou, o som me puxando de meus pensamentos amargos. Silas. Meu investigador particular. Eu havia gasto uma fortuna com ele nos últimos três anos, tentando rastreá-la, mas cada vez que ele ligava, os resultados eram os mesmos.

Eu peguei o telefone, já sabendo o que ele diria, mas me preparando mesmo assim. “Me diga que você tem algo,” eu disse, pulando as formalidades. Houve uma pausa, e sua hesitação falava volumes. Droga.

“Nada. Sinto muito. É estranho... quase como se ela tivesse desaparecido da face da terra.”

Eu segurei minha frustração. “Então você não se importaria em se juntar a ela, não é?”

Eu sabia que estava fora de linha, mas eu estava desesperado.

Silas suspirou, já acostumado com meus surtos. “Sinto muito, Alex. Eu verifiquei todas as pistas. Ela sumiu. Nenhum traço dela ou da criança. É como se eles tivessem desaparecido da—”

“—face da terra?” Eu gritei, batendo meu punho na mesa. Que irritante. A dor aguda me distraiu momentaneamente da minha raiva. “Se você mencionar essa besteira para mim mais uma vez, Silas, eu juro...”

“Estou te dizendo, cara, eu verifiquei todos os registros — seus rastros estão cobertos tão bem. Talvez ela tenha tido ajuda. Olha, eu vou continuar cavando, mas você pode querer começar a considerar outras opções... engravidar outra mulher para—”

“Não...” Eu avisei, apertando o maxilar. Eu fechei os olhos — meu aperto no telefone quase esmagando — respirando através da tempestade em meu peito. “Eu não te conheço por ser incompetente. Como pode ser tão difícil encontrar uma mulher órfã e uma criança?” Eu fervi. “Há algo — encontre! Eu não te pago para me dizer o que fazer. Faça seu trabalho! Não me importa o que seja necessário. Apenas encontre ela!” Eu desliguei antes que ele pudesse responder. A raiva surgiu, preenchendo o espaço vazio onde meu coração costumava estar.

Como era possível que em cinco anos, eu não tivesse encontrado um traço dela? Parecia que ela havia se apagado do mapa, e eu odiava que ela tivesse tido a última palavra dessa maneira. Enquanto isso, eu tinha sido deixado com nada além de uma dor oca no peito e um filho em um leito de hospital, escorregando a cada segundo.

Não era para ser assim. Ela deveria estar lá fora, lutando — Deus sabe que ela merecia isso. E eu? Eu merecia a satisfação de assistir tudo, sabendo que ela estava pagando por destruir nossa família. Em vez disso, eu estava preso em um limbo, com meu filho morrendo e nenhum sinal da única pessoa que poderia ajudá-lo. Eu odiava que tal poder estivesse novamente em suas mãos.

Liam precisava de um irmão — um doador. E só ela poderia fornecer isso. Minhas mãos se fecharam em punhos. Eu não queria ser pai de outra criança apenas para salvar uma. Como eu olharia para eles? Diria que eles nasceram apenas porque—

Droga!

Eu empurrei os papéis da minha mesa, fazendo-os voar. Nada disso importava. Trabalho não importava. Apenas Liam importava.

Eu decidi ir para o hospital.

Chamei minha assistente, mal olhando para ela enquanto instruía, “Cancele o resto dos meus compromissos.” Não havia motivo para ficar. Eu não iria realizar nada nesse estado.

Ela assentiu com a cabeça e saiu da sala silenciosamente. Pelo menos alguém por aqui sabia quando ficar de boca fechada.

Fui direto para o hospital, o cheiro familiar de antisséptico me atingindo assim que entrei. Me dava enjoo. Passei tanto tempo aqui— três anos.

Enquanto me aproximava do corredor que levava ao quarto de Liam, já podia ouvir vozes exaltadas— minha mãe e minha noiva, Eliza, estavam discutindo novamente.

“Eu não vou passar meus dias produtivos cuidando de uma criança em coma, Vivian! Eu não sou a mãe dele! Já disse isso centenas de vezes, se você quer que eu assuma essa posição, sabe o que dizer ao seu filho—” A voz estridente de Eliza me irritava. Deus, eu estava cansado de ouvir ela falar.

Minha mãe, sempre o pilar da retidão, retrucou. “Você sabia no que estava se metendo quando ficou noiva de Alexander! Como você trata Liam agora é um testemunho de como você agirá quando—.”

Meu maxilar endureceu enquanto eu passava por elas, sem me preocupar em mascarar minha irritação e definitivamente sem vontade de me meter na briga delas.

“Você não pode continuar ignorando isso, Alex!” Eliza gritou atrás de mim, virando-se para longe da minha mãe quando me viu passar. “Estamos noivos há três anos! Você realmente acha que esperar Liam melhorar vai mudar alguma coisa?”

Eu parei por um momento, então me virei para olhar para ela. Meu maxilar travado, meus olhos penetrando nela. Ela parecia entender a mensagem e sua postura mudou de desafiadora para suplicante.

“Alex, por favor—”

“Alexander, para você.” Eu retruquei. Não me importava o que ela achava que era para mim, apenas pessoas importantes para mim podiam abreviar meu nome assim. Me irritava quando ela fazia isso— e me lembrava demais da única outra mulher que ousou fazer isso e como ela se revelou uma falsa no final.

“Sua mãe continua me pressionando para assumir o papel de mãe quando nem estamos casados ainda. Liam não é minha responsabilidade, Alexander. Ele é sua, ele só será meu quando—”

“Então vá embora!” Eu gritei. Como ela ousava?

Seus olhos se arregalaram, “V-você não quer dizer isso.”

Eu quase ri. Ela não fazia ideia.

“Tenho certeza de que você sabe que sim,” eu disse, meu tom sem qualquer calor. “Ainda assim, aqui está você, ainda noiva de mim. Ninguém te obriga a ficar, Eliza.”

Seus olhos brilharam, a fúria crescendo nela. “Você acha que isso é fácil para mim? Você me enrolou por três anos. Já deveríamos estar casados, mas em vez disso, estamos presos neste... neste limbo!”

Eu dei de ombros. “Liam ficou doente.”

Era minha resposta padrão toda vez que ela trazia esse assunto à tona. Eu sabia como isso a enfurecia. Eu derivava algum prazer disso.

“Você sabe que está apenas usando ele como desculpa para evitar o casamento,” ela retrucou.

“Cuidado com suas palavras,” eu disse friamente. “Como eu disse, se é assim que você se sente, talvez seja hora de você ir embora. Você não é obrigada a ficar.” As palavras eram afiadas, destinadas a cortar.

Eu não a amava. Na verdade, nunca amei. Eliza era conveniente; bonita, rica por si só, e disposta a desempenhar o papel de noiva devota. Mas amor não fazia parte da equação.

Ela bufou, virando-se, braços apertados ao redor de si mesma em auto conforto. “Eu não vou a lugar nenhum, Alexander. Mas você não pode continuar evitando isso.”

Eu não respondi— não havia motivo. Eu não estava evitando nada. Na verdade, eu não me importava com o casamento. Liam era tudo que importava.

Eu passei por elas sem dizer uma palavra, entrando no quarto de Liam onde o médico estava ao lado da cama. Meu filho parecia tão pequeno, tão frágil— me matava vê-lo assim, ligado a máquinas, mal se agarrando à vida.

“Como ele está?” Eu perguntei, embora já soubesse a resposta.

O médico suspirou, folheando o prontuário. “A condição dele está piorando, Sr. Sullivan. Precisamos pensar no próximo passo. Sem um doador compatível... Bem, o prognóstico não é bom.”

Eu cerrei os punhos, tentando manter a compostura. “E a opção de doador fetal?”

“Ainda é a melhor chance que temos sem a presença da mãe dele. Ela teria sido sua salvadora. Se você decidir seguir essa rota, podemos começar os preparativos.”

Eu olhei para o rosto pálido de Liam, as máquinas bipando ritmicamente, e meu peito apertou. Eu não tinha certeza de como me sentia sobre trazer outra criança ao mundo nessas circunstâncias. Mas se isso significasse salvar Liam... considerando que eu não conseguia encontrar a mãe dele, uma prostituta.

Eu assenti— minha decisão tomada. “Vamos seguir em frente.”

Ao sair do quarto, minha resolução se solidificou.

“Mãe, Eliza,” eu as chamei, sem expressão, “Podem seguir com os preparativos do casamento. Estou pronto.”

Eliza conseguiria o que queria— um casamento, um filho. Mas para mim? Era tudo por Liam. Eu faria o que fosse necessário para salvar meu filho, mesmo que isso significasse casar com uma mulher que eu não amava.

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