5
RAINA
Eu não podia acreditar na audácia—na ousadia que ele teve de me encurralar assim. No momento em que vi o olhar frio e penetrante de Alexander, soube que nada de bom poderia vir das palavras que ele tinha prontas para mim. Tentei sair despercebida, para evitar exatamente essa situação, mas seu aperto no meu braço era implacável, quase doloroso.
Cerrei os dentes, encontrando seu olhar com desafio. "O que eu faço não é da sua conta, Alexander."
Ele zombou, seus olhos estreitando. "Ah, mas é sim. Tudo o que você faz parece ser para se exibir, não é?"
A dor de suas palavras foi mais afiada do que eu havia antecipado, mas recusei-me a deixar que ele visse isso. "E eu pensei que você já tinha superado," respondi, mantendo meu tom firme. "Ou isso é só o que você quer que as pessoas acreditem?"
Por um momento, achei ter visto um lampejo de outra coisa em sua expressão, algo como mágoa. Mas desapareceu tão rápido quanto surgiu, substituído por uma máscara endurecida.
"Não confunda minha tolerância com perdão," ele disse, seu tom mordaz. "Eu não esqueci o que você fez."
Eu zombei.
"Onde diabos você esteve se escondendo?" Sua voz era baixa e gelada. O desprezo em seu rosto só piorava a situação, como se ele estivesse falando com algo sujo na sola do sapato. Eu quase ri—quase. Ele estava ali, o homem que uma vez prometeu me proteger, agora me tratando como uma estranha ou pior, uma inimiga.
Meu pulso acelerou, e senti uma onda de desafio me invadir. Não deixe que ele te atinja, Raina. Me firmei, puxando meu braço de volta, mas seu aperto se intensificou.
"Você ainda está aqui? Ainda...fazendo isso?" ele zombou. Seu olhar passou por mim como se eu fosse algo barato, algo sem valor. "Se prostituindo para subir ao topo—dormindo com os homens certos. É esse o tipo de exemplo que você quer dar para Ava?"
O choque disso—o jeito brutal e sem esforço que ele atacou. Por um momento, eu não conseguia respirar. A ideia de que esse era o homem que uma vez foi tudo para mim, que uma vez sussurrou palavras de amor no meu ouvido, parecia uma piada cruel.
"Me deixe ir," sussurrei, mal conseguindo conter a raiva aguda fervendo por dentro. "Eu não tenho tempo para o que quer que você esteja tentando conseguir aqui, Alexander."
Mas sua expressão não mudou, e a frieza em seus olhos se aprofundou. Ele se inclinou, sua respiração quente contra minha pele, a proximidade fazendo minha pele arrepiar.
"Talvez você tenha estado me observando," ele continuou, sua voz gotejando desdém. "Esperando o momento certo para arruinar as coisas para mim com os Grahams."
A acusação dele me feriu. E ainda assim, um sentimento sombrio de satisfação borbulhava sob minha raiva—ele não estava completamente errado. Eu o observei ao longo dos anos, observei e esperei pelo momento em que finalmente teria minha chance, minha parcela de retribuição. Mas isso, suas suposições selvagens, a arrogância estampada em seu rosto... ele não poderia estar mais errado.
"Se enxerga," cuspi de volta, torcendo meu braço para me soltar, embora o lugar onde ele me segurou latejasse. "Você não vale nem um pouco do meu tempo."
Eu me virei, meu coração acelerado, esperando escapar do olhar odioso dele, mas então eu a ouvi.
"Oh, isso não é perfeito?" A voz de Eliza, aguda e alta, cortou o momento. Eu me virei para vê-la flanqueada por Vanessa e a mãe dele, todas as três me encarando com olhares fulminantes. Era como se elas estivessem esperando do lado de fora, aguardando o momento certo. Ela me olhou com ciúme e desgosto estampados no rosto.
"Eliza, não agora," Alexander murmurou, embora sua mão ainda estivesse no meu braço, mal afrouxada, como se ele estivesse relutante em me soltar mesmo com sua preciosa esposa nos olhando.
"Tire suas mãos imundas dele," Eliza disparou, avançando e puxando meu ombro como se eu fosse um objeto barato que não pertencia à cena.
Eu queria rir. Alexander tinha sido quem estava me segurando, mas lá estava ela, cega de possessividade. "Talvez você devesse aprender com quem está falando antes de começar com as acusações," retruquei, sentindo meu coração se acalmar, minha compostura retornar enquanto eu finalmente soltava meu braço do aperto de Alexander.
Alexander finalmente desviou o olhar, irritado, como se toda a troca fosse inferior a ele.
Sua mãe, sempre fria e implacável, apenas me ofereceu um olhar afiado e avaliador. Vanessa, previsivelmente, zombou.
"Alexander, querido," Vanessa coou, com aquele mesmo tom meloso que ela usava mesmo antes, quando eu era sua esposa e ela odiava isso. "Certamente você não pretende entreter... ela aqui."
Eu podia praticamente sentir o desgosto escorrendo das palavras dela, o veneno escondido logo abaixo da superfície.
Mas Alexander apenas deu a ela um olhar duro, descartando sua preocupação. "Isso não é o que eu queria discutir," ele disparou.
Na confusão, eu consegui dar um passo para trás, me aproximando da porta, desesperada para escapar antes de ouvir outra palavra dele ou de qualquer um deles.
"Raina!"
A voz de Dominic—calma, familiar. Eu me virei para vê-lo parado a poucos metros de distância, observando a cena com uma expressão fria e cautelosa. O alívio me inundou, e eu caminhei até ele, longe do caos e dos olhares dolorosos fixos em mim.
Ele me deu um olhar quieto e investigativo, abaixando a voz enquanto perguntava, "Você está bem? O que eles disseram para você?"
"Está tudo bem, Dom. Só preciso de um momento." Tentei sorrir, embora o peso do desprezo deles ainda pairasse, como uma contusão.
Mas Dominic não aceitou. Seu rosto endureceu, sua postura normalmente descontraída mudou enquanto ele se virava para olhar Alexander e sua família. "É inaceitável a maneira como estão te tratando. São como... urubus."
Eu dei uma pequena risada com isso. "Urubus provavelmente seriam mais gentis."
As últimas palavras de Alexander ainda ecoavam na minha mente enquanto eu saía da sala, minha mão formigando onde ele a tinha segurado com força. Não importa quanto tempo passasse, eu percebia, ele sempre seria aquele mesmo homem, afiado e fechado, incapaz de olhar além de suas suposições. Meu pulso ainda batia forte, mas eu sacudi o olhar odioso dele, respirando longa e profundamente. Isso é maior do que ele, lembrei a mim mesma.
Dominic esperava no corredor, e assim que viu meu rosto, sua expressão mudou, escurecendo com algo próximo à raiva.
"Raina, o que ele disse?" perguntou, sua voz baixa e tensa. Ele não tinha perdido o olhar nos olhos de Alexander, a maneira possessiva como ele segurou meu braço. "Ele te machucou?"
"Não, nada que eu não possa lidar," respondi, grata por sua firmeza. Dominic sempre foi meu porto seguro em momentos como este, seu calor descontraído o antídoto perfeito para a arrogância gelada de Alexander. Eu não estava aqui para confrontar Alexander sobre o passado. Ainda não. Mas até Dominic sabia o quão perto ele estava de me empurrar para além de um ponto sem retorno.
Saímos juntos, voltando para o salão movimentado onde vozes se sobrepunham e taças tilintavam sob o brilho suave dos lustres. Os convidados se misturavam em ternos e vestidos elegantes, aproveitando a noite com graça despretensiosa. O anfitrião estava agora no palco, dirigindo-se à multidão, mas a presença inconfundível de Alexander pesava no ambiente enquanto ele se movia, expressão fixa, tentando projetar uma aura de controle intocável.
Quando ele nos viu, seu olhar demorou um momento a mais em Dominic, depois passou para mim com uma frieza que beirava o desdém. Era como se cada tentativa de manter a compostura desfiava as bordas de sua calma.
Observei, curiosa, enquanto Alexander se aproximava de Dominic, sua expressão mudando, tentando ser educado. Mas eu podia ver o esforço que isso exigia—Alexander não era um homem acostumado a ser segundo em nada, e seu orgulho o fazia usar uma máscara fria, quase rígida.
"Dominic Graham," ele cumprimentou, seu tom carregado de cortesia forçada. "É uma honra ter você aqui esta noite." Seu olhar passou para mim, algo parecido com diversão cintilando em seus olhos. "E Raina—sempre uma surpresa te ver."
Mordi a resposta, meu coração batendo mais rápido, mas Dominic não ia deixar que ele ditasse o tom.
Dominic ergueu uma sobrancelha, um sorriso irônico nos lábios. “Uma honra?” Ele riu, lançando um olhar para mim. “Não é muita honra se isso significa que minha acompanhante tem que ser tratada como uma mera inconveniência.”
Dominic disse, com a voz baixa mas inconfundível. O comentário atingiu Alexander, mas ele mal deixou transparecer, sua boca formando uma linha, o maxilar se apertando quase imperceptivelmente. “Uma coisa é como você se comporta em privado, Alexander. Outra é agir tão descaradamente em público.” Seu tom era firme, suas palavras cortantes.
O rosto de Alexander permaneceu inexpressivo, mas eu sabia que as palavras tinham um impacto. Seus olhos escureceram, e por um segundo, eu percebi o mínimo traço de irritação—suficiente para confirmar que ele sabia exatamente como sua família havia se comportado esta noite.
Dominic não lhe deu chance de responder. “Entendo que você está interessado em fazer uma parceria conosco.” Ele ergueu uma sobrancelha, sua mão repousando confortavelmente em meu ombro. “Mas essa decisão não cabe só a mim.”
Senti os olhos de Alexander voltarem para mim, mas não lhe dei o prazer de desviar o olhar. Em vez disso, sorri—um gesto pequeno e deliberado para mostrar que o que ele tentou destruir esta noite não deixou nem um arranhão.
Dominic se virou para mim com um sorriso, um que eu conhecia muito bem. Ele estava aproveitando isso muito mais do que deveria, deixando claro que qualquer negociação futura entre nós precisaria da minha aprovação. Ele se inclinou mais perto, sua voz quente e levemente provocante. “O que você acha, Raina? Devo ouvir o que ele tem a dizer?”
Eu podia sentir o olhar de Alexander queimando em mim, esperando para ver o que eu diria. Esse momento parecia surreal, as cartas viradas de uma maneira que eu nunca imaginei possível. Respirei fundo, permitindo-me encontrar os olhos de Alexander, e mantive seu olhar sem vacilar. Não havia amargura na minha voz, apenas uma confiança tranquila.
“Será que ele sabe qual será minha resposta?” Perguntei, direcionando a questão mais para Dominic do que para Alexander, mas o olhar incisivo que lancei a Alexander deixou meu significado claro.
A expressão de Alexander permaneceu impassível, mas eu podia ver sua frustração—um lampejo momentâneo de dúvida, seu olhar oscilando entre nós, juntando algo que ele não havia previsto. Ele mascarou sua reação rapidamente, substituindo-a por aquela frieza indiferente familiar, mas foi o suficiente para me dizer que eu o havia desestabilizado.
Pela primeira vez em anos, o poder entre nós estava equilibrado, e eu não planejava deixar que ele voltasse a seu favor.
































































































