Capítulo 5 - Estranhos na noite, parte 2
Quando o dia chegou, eu me levantei e fui para o meu quarto, deixando Patricia dormindo. Assim que entrei, tirei os sapatos e as calças, indo direto para o banheiro para tomar um banho e me livrar do cheiro enjoativo do perfume da Patricia. Deixei a água fria limpar meu corpo e levar os pensamentos embora. Assim que terminei, me preparei para o meu primeiro dia como dono de um negócio. Terminei de vestir o terno e escolhi um relógio para usar hoje, peguei um Rolex de aço com pulseira dourada, peguei minha bolsa e saí.
Quando entrei na cozinha, Marilyn estava sentada de frente para a janela olhando a vista do Central Park. Desviei o olhar e fui pegar café, coloquei algumas panquecas em um prato e fui me sentar no banco livre do balcão.
"Bom dia, Monroe." Falei, tomando um bom gole do meu café.
"Olha, preciso dizer algo muito sério para você, cara." Marilyn disse, virando-se na cadeira. "Eu aceito que você não me respeite, que passe a noite com quem quiser, mas uma coisa que não vou admitir é você trazer esse tipo de mulher para a casa do seu pai." Ela falou duramente. "Você pode usar um motel, ou seu antigo apartamento."
"Olha, Monroe, pelo que eu sei, este apartamento é meu agora, e não há nada no testamento do meu pai dizendo que eu não posso trazer quem eu quiser aqui." Falei encarando Marilyn. "Você pode fazer a mesma coisa, ou não, já que tenho certeza de que você não deve ter ninguém para esse tipo de coisa."
"Vai se ferrar, John." Marilyn falou, levantando-se e deixando o resto do café. Olhei para ela em cima dos saltos altos, ela parecia diferente com uma saia lápis preta e uma blusa branca cheia de estrelas pretas e douradas. Assim que ela chegou ao quarto, Patricia apareceu no corredor com a mesma roupa de ontem. Marilyn a olhou de cima a baixo, pegou sua bolsa e o que parecia ser um tailleur e saiu pisando forte. Antes que Patricia chegasse à cozinha, eu já tinha me levantado e estava passando por ela no corredor.
"Bom dia, querido." A mulher veio me beijar, mas eu desviei do beijo.
"Você tem dinheiro para o táxi?" Perguntei secamente.
"Tenho." Ela falou me olhando e fazendo beicinho. "Posso tomar café da manhã aqui?"
"Pode, depois a empregada vai chamar o elevador para você." Falei indo para o elevador. Assim que ele chegou, entrei e apertei o botão da garagem e ele desceu.
Assim que cheguei à garagem, fui para o meu carro favorito, um Lotus Elise modelo Golden Leaf Type 49 preto, uma joia. Quando me aproximei, percebi que ele não estava estacionado da maneira que eu havia deixado no dia anterior, de alguma forma ele estava estacionado corretamente na vaga e o lado estava totalmente amassado, aquela secretária iria me pagar. Digitei uma mensagem rápida para Jared, pedindo que enviasse um mecânico para buscar meu carro e fui para o meu BMW preto, peguei as chaves e entrei no carro indo para a revista.
Assim que chego, percebo que a revista tem uma nova recepcionista, claro que a secretária deve ter promovido a outra gorda. A nova moça na recepção me informa que estão me esperando na sala de reuniões. Vou direto para o local e, assim que entro, vejo todos os acionistas da revista junto com os diretores de cada departamento, a nova advogada da empresa, Piper, ou Tessa, e Debbie Summers.
Debbie é uma das amigas mais antigas dos meus pais, uma das poucas fontes a que posso recorrer quando quero lembrar da minha mãe, ela é minha segunda mãe.
Sento-me na extremidade oposta à de Marilyn, que me lança um olhar. Logo a reunião começa e todos recebemos um monte de papéis.
"Ontem comecei a analisar o público-alvo da revista." Marilyn fala, iniciando a reunião. "Hoje, muitas das pessoas que compram a Empire Kross são pessoas comuns, donas de casa de todo o mundo procuram nossa revista e há muito tempo Jebediah me contou um plano que ele tinha." Ela fala, levantando-se e ligando a televisão onde aparece uma imagem com várias mulheres lado a lado, magras e gordas, brancas e negras, altas e baixas. "Jebe queria trazer pessoas reais para a revista, ele queria criar um novo Império, ele estava pensando em redesenhar a revista."
"Isso só pode ser uma piada." Dou uma risada sarcástica. "Não podemos mudar o que a revista é." Digo, encarando Marilyn. "Empire Kross é uma revista de moda, não uma revista de variedades."
"Você está errado, John, quando seus pais criaram a revista, eles tinham o objetivo de fazer algo para todos os públicos." Marilyn diz, me encarando de volta. "Essa marca se tornou tão grande que a revista tem vários setores, moda, gastronomia, economia, esportes." Ela olha para todos ao redor. "Minha proposta é trazer mulheres, homens, gays, pessoas que vivem no mundo real além do glamour que já temos."
"Você está dizendo que devemos colocar modelos gordas nas capas da revista? Ou melhor, uma dona de casa quarentona?" Pergunto, levantando-me. "Não podemos fazer isso, vamos perder vendas se fizermos."
"Mas vamos fazer, a próxima edição, se vocês concordarem, já será lançada com a nova diretriz." Marilyn olha para mim. "Se você olhar este bloco de papéis, pode ver uma prova feita pelo próprio Jebe antes de sua morte."
"Eu não concordo, não quero mudar a revista." Falo alto, encarando a gorda. "Quero uma votação agora."
"Então terá sua votação." Ela diz desafiadoramente. "Quem concorda com a mudança da revista?" Ela pergunta olhando para os acionistas. Quase todos levantam as mãos, exceto eu. "Bem, aparentemente eu ganhei, John." Marilyn me encara ironicamente, sorrindo para mim.
Ela pode ter ganhado esta batalha, mas não perde por esperar. Isso é apenas o começo da guerra.












































































