**Capítulo 5: Seu prisioneiro do destino**
A foto está em pedaços. Sangue pingando da minha mão no chão de mármore. Cada gota batendo como uma maldita batida de tambor.
Pego o maior caco. Afiado pra caralho. Cortou direto a palma da minha mão, mas eu não ligo. Dor não é nada. Eve está encostada na parede, tremendo como uma folha ao vento.
"Sua mão, está sangrando—"
"Cala a boca." Ando na direção dela devagar. Bem devagar. O sangue ainda sai de onde o vidro me cortou. Deixo fluir. Deixo ela ver o que acontece quando as pessoas me atravessam. "Nem mais uma palavra."
Mas ela abre a boca mesmo assim. Claro que abre. Mulheres nunca sabem quando parar. Esfrego minha palma ensanguentada bem no rosto dela. Marco bem. Meu sangue na pele dela. Perfeito.
"Está com medo agora?" Seguro o queixo dela. Forço ela a me olhar. "Deveria estar."
Ela tem medo nos olhos agora. Demorou, mas chegou. Mas tem outra coisa lá também. Algo que me irrita. Desaforo.
Meu telefone toca. O nome do Marco piscando na tela.
"Fala."
"Chefe, peguei a amiga. Lina Rossi. Ela sabe coisas sobre sua garota aqui."
Eve fica pálida como um fantasma. Todo o sangue some do rosto dela. "Lina não sabe de nada—"
"Mata ela." Simples assim. Nem hesito.
"NÃO!" Agora ela está lutando comigo. Unhas cravando nos meus braços como pequenas garras. "Não machuque ela! Por favor, ela é inocente!"
Seguro os dois pulsos dela. Aperto até ela parar de me arranhar. Até ela perceber o quão fraca realmente é. "Devia ter pensado nisso antes de começar a mentir pra mim."
"Eu não estou mentindo! Eu não sei o que você quer!"
"Claro que não." Eu rio. Frio como gelo. "Marco, ainda está aí?"
"Sim, chefe."
"Coloca a vadia na tela. Deixe minha convidada aqui assistir."
"NÃO! Por favor, não me faça—"
"Cala a porra da boca."
A grande TV na parede se acende. Demora um segundo para a transmissão aparecer. Então lá está Lina. Amarrada no meu armazém. Rosto já todo machucado. Sangue nos lábios. Chorando como um bebê.
Ela olha direto para a câmera. Direto para nós. "Eve... querida, se você está vendo isso... me desculpe. Desculpe por não poder te proteger. Apenas dê a ele o que ele quer, tá? Não me deixe morrer por nada."
Eu estalo os dedos. A tela fica preta.
Eve faz um som. Como se alguém tivesse arrancado a alma dela pela garganta. As pernas dela cedem e ela cai contra mim. Peso morto.
"Você a matou." Sussurra como se não pudesse acreditar.
"Ainda não. Mas vou." Puxo ela pelo cabelo. Forte. "Sua amiga sabia demais sobre você. Sobre de onde você veio."
"Sobre o quê? Eu já disse, eu não sei de nada!"
"Mentira." Arrasto ela em direção à porta. "Você vai lembrar. Pode acreditar nisso."
Ela luta comigo o caminho todo. Cravando os calcanhares no chão. Tentando se segurar nos móveis. Mas ela não é nada. Uma pena comparada a mim. Eu a arrasto pela casa como se ela não pesasse nada.
Passamos pelas fotos da família antiga. Valentinos mortos nos encarando de seus quadros. Pelas manchas de sangue nas paredes da reunião de negócios da semana passada. O cara achou que podia desviar das minhas operações. Achou errado.
"Para onde você está me levando?"
"Para um lugar especial. Só pra você."
Chegamos ao meu escritório. Parece normal. Livros que ninguém lê. Grande mesa de mogno. Cadeira de couro que custa mais do que a maioria das pessoas ganha em um ano. Mas isso não é o verdadeiro show.
Aperto o interruptor escondido atrás da estante. A parede desliza com um leve chiado. Paredes de aço por trás. Chão de concreto. Sem janelas. Dutos de ar pequenos demais para qualquer coisa maior que um rato.
Construí essa sala eu mesmo. Bom, mandei construir. Matei o empreiteiro depois. Não posso deixar as pessoas saberem dos meus espaços privados.
"Bem-vinda ao lar, princesa."
Empurro ela pra dentro com força. Ela tropeça, cai de joelhos. A porta se fecha atrás dela. Parece um tiro ecoando pela casa.
"DANTE!" Ela está de pé agora, batendo na porta de aço com os punhos. "ME TIRA DAQUI!"
Eu aperto o botão do alto-falante. Me aproximo do microfone. "Você fica aí até lembrar das coisas. Até parar de mentir na minha cara."
"Eu não estou mentindo! Eu não sei o que você quer de mim!"
"Claro que sabe." Eu rio. Puxo meu tablet. "Estou te observando há meses, querida. Desde o inverno passado. Seu apartamento inteiro está grampeado. Cada cômodo."
Silêncio do lado dela. Bom. Deixe isso afundar.
"É isso mesmo. Muito antes de nos 'conhecermos' naquele café. Cada ligação que você fez. Cada vez que você chorou até dormir. Cada cara patético que você trouxe para transar."
Puxo os arquivos. Horas de gravações. Fotos pela janela do quarto dela. Vídeo das câmeras que instalei na cozinha. No banheiro. Em todo lugar.
"Quer ouvir algo interessante?" Aperte o play no arquivo 47-B.
A própria voz dela enche a sala pelos alto-falantes: "Tive aquele sonho de novo, Lina. Sobre o cara de cabelo escuro. Parece tão real, mas nunca consigo ver o rosto dele claramente. Como se alguém tivesse apagado da minha memória."
"Pare com isso," ela diz pelo intercomunicador. A voz tremendo agora.
"Ah, esse aqui é ainda melhor." Toque o arquivo 23-A.
"Às vezes sinto que estou vivendo a vida de outra pessoa, sabe? Como se Eva Morrison nem fosse real. Como se eu estivesse apenas fingindo ser ela."
"PARE! PARE DE TOCAR ISSO!"
"Está ficando interessante agora, não é?" Eu sorrio. Não consigo evitar. "Ainda vai me dizer que não sabe de nada?"
"Eu não sei! Essas são apenas... apenas coisas estúpidas que eu disse quando estava chateada!"
"Então explique isso." Levanto meu tablet para a câmera de segurança para que ela possa ver a tela. Registros bancários de três anos atrás. Arquivos médicos com nomes diferentes. Certidões de nascimento. Certidões de óbito. "Explique como Eva Morrison tem documentos de seis estados diferentes."
Ela fica quieta. Bem quieta. Provavelmente dá para ouvir o coração dela batendo pelo microfone.
"Como você..."
"Dinheiro fala, princesa. Juízes escutam quando você paga o suficiente. Médicos fazem o que você quiser quando você tem as dívidas de jogo deles. Funcionários arquivam qualquer papelada que você der quando os filhos deles vão para as escolas que você financia."
Longo silêncio. Quando ela finalmente fala de novo, a voz soa diferente. Menor. Assustada.
"Por que você está fazendo isso comigo?"
"Porque você me pertence. Sempre pertenceu."
Ouço ela se mexendo lá dentro. Provavelmente procurando uma saída. Boa sorte com isso. Gastei uma fortuna para tornar essa sala à prova de fuga.
Vidro se quebra. Som agudo pelo alto-falante. Ela encontrou a garrafa de água que deixei para ela.
Garota esperta.
Espero alguns minutos. Deixo ela pensar no que vai fazer. Então abro a porta.
Ela está me esperando. De pé bem ali com um pedaço de vidro quebrado na mão. Apontado direto para minha garganta. A mão dela está tremendo, mas ela segura firme o suficiente.
"Me deixe ir ou você morre."
"Não." Nem pisco. "Você não vai fazer isso."
"Tente." Mas a voz dela falha quando diz isso.
Ela tenta me esfaquear. Um golpe rápido no meu pescoço. Seguro o pulso dela com a mesma facilidade que respiro. Já estive em mil brigas. Isso nem chega perto de ser uma.
Torço o pulso dela até ela soltar o vidro. Ele cai no chão de concreto e se quebra em mais pedaços.
"Quer me machucar?" Eu a empurro contra a parede de aço. Prendo ela lá com meu corpo inteiro. Chego bem perto. Tão perto que posso sentir o medo dela. "Quer me fazer sangrar como eu te fiz sangrar?"
"Eu te odeio." Ela cospe isso bem na minha cara.
"Bom." Digo bem no ouvido dela para que sinta minha respiração. "Me odeie o quanto quiser. Você ainda não vai a lugar nenhum. Nunca."
Então eu a beijo. Forte. Brutal. Tomo o que é meu.
Ela luta no começo. Tenta virar a cabeça. Então ela morde meu lábio. Forte o suficiente para fazer sangue. Eu sinto o gosto na minha língua.
Eu rio bem contra a boca dela. "Aí está ela. Ainda tem alguma luta em você."
"Saia de perto de mim!"
"Você tem o mesmo gosto. Sente o mesmo nos meus braços. Luta do mesmo jeito que ela lutava."
"Pare de me comparar a quem quer que ela fosse!"
"Vou te quebrar pedaço por pedaço, princesa. Até você parar de fingir. Até você lembrar quem realmente é por baixo de toda essa farsa."
"Você é louco."
"Talvez." Eu dou um passo para trás. Endireito meu casaco como se nada tivesse acontecido. "Mas também sou paciente. Tenho todo o tempo do mundo para esperar você ceder."
Deixo ela lá na sala de aço. Tranco a porta atrás de mim. Mas não vou muito longe. Fico bem do lado de fora no corredor, ouvindo.
Primeiro ela chora. Pequenos soluços suaves como uma criança que perdeu a mãe. Então ela fica com raiva. Começa a gritar com as paredes. Bater na porta até os punhos dela provavelmente estarem sangrando.
Então nada. Silêncio total.
É quando eu me aproximo das barras da janela da porta.
"Vou queimar esse mundo inteiro antes de te deixar ir de novo."
Ouço a respiração dela parar. Então começar de novo. Mais rápida.
"Todo mundo que te ajudou a desaparecer. Todo mundo que te deu papéis falsos. Todo mundo que te ajudou a mentir para mim. Todos vão pagar o preço."
Ela desliza pela parede. Posso ouvir o corpo dela raspando contra o aço.
"Doces sonhos, princesa. Amanhã faremos tudo de novo. E depois de amanhã. E depois. Até você lembrar de tudo que está tentando tanto esquecer."
Eu me afasto então. Mas sei que ela ainda pode ouvir meus passos ecoando pelo corredor. Sei que ela está contando. Se perguntando se eu realmente fui embora ou só estou esperando.
Deixo ela se perguntar. O medo é uma ferramenta útil. E eu tenho bastante tempo para usá-la.
