CAPÍTULO 11

"Para responder à sua pergunta – eu não posso voltar à minha forma humana. Me garantiram que você foi informada sobre nossa verdade antes da minha chegada. Por isso vim aqui como um dragão."

"Bem, sim, o nirvana me contou, mas é claro que eu não acreditei nela", disse ela, como se fosse óbvio.

"Claro", respondeu Valiance em um tom divertido.

"Quero dizer, vamos lá, um mundo alternativo? Dragões, bruxas e magia... Como eu deveria acreditar nela? Mas agora, graças a você, posso dizer que acredito totalmente nela." Ela começou a sorrir de orelha a orelha porque não conseguia mais conter sua empolgação.

"Estou falando com um dragão – e um príncipe dragão, nada menos. Ninguém vai acreditar em mim quando eu voltar para casa."

"Eu não sou príncipe. Você ainda não sabe muitas coisas. E seria muito apreciado se você mantivesse o conhecimento da nossa existência para si mesma."

"Eu não estou ficando mais jovem aqui fora", resmungou uma voz irritada do lado de fora da porta.

"Esse deve ser o Damien... meu melhor amigo. Você está pronta para conhecer mais um de nós ou seria pedir demais para um dia?" Valiance brincou.

"O que é mais um dragãozinho? Cara, manda ver", disse ela sarcasticamente, arrancando uma risada dele. Ela decidiu que gostava quando o dragão fazia isso.

"Ei, cara! Entra aí, ela está acordada", chamou Valiance.

"Já era hora", um resmungo irritado soou quase do lado de fora da porta e então a criatura mais – ela não tinha certeza do que dizer – a criatura mais dourada que ela já tinha visto entrou. Ele parecia irreal e metálico.

"Olá, linda. Como você está se sentindo agora?" Ele perguntou agradavelmente.

"Você não é um raio de sol?" Raegan brincou, fazendo Valiance rir alto.

"Eu te garanto, querida, nada em mim é pequeno". Ele piscou.

Ela riu, "Ah, cara, nunca pensei que veria o dia em que estaria falando com um dragão paquerador. Você está elegante, a propósito".

"Você quer dizer que sou bonito?" ele sorriu.

Seus olhos se arregalaram, "Uau, cara! Nunca faça isso de novo se quiser conquistar uma garota. É assustador. Além disso, não, eu não quis dizer bonito", ela olhou para Valiance e apontou com um olhar travesso, "Ele é bonito, você é brilhante". Uma risada estrondosa encheu a sala e Damien olhou para os dois rindo. Mas ela não conseguia ver nenhuma verdadeira raiva por trás do olhar dele.

"Ugh", ela gemeu, segurando suas costelas machucadas e, assim, a risada de Valiance morreu e em seus olhos a preocupação tomou o lugar da alegria quando ele perguntou,

"Você está com dor? Devo chamar o curandeiro de volta?"

"Não, não, estou bem... Só um pouco dolorida e rir claramente não ajudou". Mas sua respiração ofegante negava sua afirmação e Valiance saiu da sala num piscar de olhos em busca do curandeiro.

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"Ei, garota! Como você está se sentindo?" A voz estrondosa de Damien trouxe Raegan de volta do seu sono.

"Vai embora, Douradinho", ela gemeu, puxando um travesseiro sobre a cabeça, "por que você está aqui tão cedo? Parece que é de madrugada. Você não tem suas penas para limpar ou algo assim?" sua voz saiu abafada debaixo do travesseiro.

Já fazia uma semana desde que eles haviam revelado sua existência para ela e era o dia da sua 'alta', então ambos os amigos vieram escoltá-la até a fortaleza. E para lhe dar sua primeira visão de Evreux.

"Já passou do meio-dia, moça, e não tenho penas para arrumar... Eu não sou um maldito pássaro. Minhas asas estão brilhando, muito obrigado. Agora pare de enrolar e levante essa bunda preguiçosa".

Na última semana, ambos a fizeram companhia e ela percebeu que Valiance era do tipo mais taciturno e silencioso, enquanto Damien, ou Dimi, como ele insistia incansavelmente para que ela o chamasse, era um brincalhão. Mas Raegan podia ver que ambos se amavam muito mais do que amigos... eram irmãos, se não de sangue, então de coração, assim como ela e Sarah. E ela estava feliz pela companhia deles.

"Você não me disse por que nunca se transformam em suas formas humanas? Eu quero ver isso".

Quando nenhuma resposta veio, ela abriu um olho para encontrar expressões duras nos rostos de ambos, "O quê? Eu disse algo errado?"

"Não, não, nada de errado. Vamos te contar tudo assim que te tirarmos daqui. Vamos lá antes que o Dimi molhe as calças inexistentes dele". Valiance respondeu em um tom leve e provocador. Ele havia contado a ela sobre a falta de amor de Dimi pelos curandeiros.

"Para enquanto está na frente, idiota". Dimi olhou feio. Embora ambos estivessem brincando, ela podia ver a rigidez em ambos. Algo estava muito errado porque não era a primeira vez que eles evitavam o assunto de suas formas humanas na frente dela.

Franzindo a testa, ela se sentou devagar e tentou colocar os pés no chão. "Cuidado agora. Vá com calma". Valiance estendeu uma asa coberta de garras para ela como apoio e, sem hesitação, ela segurou – e imediatamente soltou – ambos arregalaram os olhos, enquanto um arrepio passava por cada um deles ao contato.

Ela olhou para a palma da mão com curiosidade e a estendeu lentamente de volta para ele – nada aconteceu quando ela pegou sua garra com cuidado desta vez. Talvez ela tivesse imaginado. Um suave murmúrio escapou de seus lábios e ela finalmente se levantou da cama.

"Ok! Vamos pegar a estrada, certo?" Dimi disse com um brilho malicioso nos olhos.

"Ou o céu, mais provavelmente, não?" Ela riu. Alegria, excitação e um pouco de cansaço se misturavam dentro dela, fazendo seu estômago parecer uma montanha-russa. Na última semana, enquanto se recuperava de seus ferimentos, ela não pensava em outra coisa senão em que tipo de mundo encontraria fora dos confins das criptas dos curandeiros. Seus sonhos estavam cheios de criaturas mágicas e de um certo belo dragão negro.

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