Capítulo 1
Heroína/Perspectiva da Ladra
"Tiros!"
Murmurei para mim mesma enquanto os disparos distantes ecoavam pelas árvores. As folhas farfalhavam acima de mim. Eu estava agachada em um galho, escondida na copa. Eu posso ter sido forçada a deixar minha matilha anos atrás, mas eles ainda são minha família. Eles ainda são inocentes. Bem, a maioria deles.
Fugindo para o mundo humano, treinei incansavelmente. Não para atacar. Não para defender. Apenas para sobreviver. Mas ouvir rumores de um Rei Alfa reivindicando o trono, o primeiro em 200 anos, me fez voltar para avaliar a situação pessoalmente.
Eu observo soldados vestidos de preto se movendo como sombras em direção ao complexo da matilha. "Eles estão aqui," sussurrei, segurando o cabo da minha lâmina. "Já era hora."
"Estão invadindo o complexo," ouvi um dos membros da matilha Blood Moon dizer abaixo. "Ordens diretas do Rei Alfa."
Eu sorri. "Então, o Rei finalmente se cansou de esperar por um convite."
Os soldados se espalharam, oito permanecendo do lado de fora enquanto um esquadrão entrava na casa da matilha. Eu desci silenciosamente ao chão, agachada atrás deles com minha lâmina pronta.
Crack. Um caiu. Thud. Dois caíram.
"Inimigo—!"
Tarde demais.
Girei, chutei, desviei de um soco selvagem e então acertei meu joelho na virilha dele. Ele caiu como uma pedra.
"Lobos burros," murmurei. "Só músculo, nenhuma estratégia."
"Prendam ela!" um deles latiu.
Três correram em minha direção. Dei um salto mortal para trás sobre o primeiro, pousei de pé, derrubei o segundo e acertei o terceiro com o cotovelo.
"Essa ladra é rápida!"
Outro veio para cima de mim.
"Vocês não aprendem, né?" eu disse, desviando do golpe dele e acertando um chute limpo em sua cabeça.
Então uma voz ecoou pelo complexo.
"TODOS OS SOLDADOS, PAREM."
Eles congelaram. Assim, de imediato. Obediência enraizada em seus ossos.
Eu me levantei, olhos fixos na figura que surgia através do caos.
Ele tinha presença. Comando. Um poder que dobrava o ar enquanto sua voz ecoava como trovão.
"Eu sou o Rei Alfa Conrad. Esta matilha está sob investigação por maus-tratos e violação da Lei dos Direitos dos Lobisomens. O Alfa Blake e sua família serão transportados para a matilha Royal Moon e julgados por esses crimes."
Blake estava ajoelhado com algemas de prata, junto com sua Luna e filhos. Seu lábio se curvou quando ele me viu.
O rosto do Rei Alfa suavizou, e um pequeno sorriso cruzou seus lábios. "Isso foi bastante impressionante. Então, quem é você?"
"Ela é apenas uma vadia ladra," Blake cuspiu.
Crack. Um soldado o socou tão forte que sua cabeça virou para o lado. Ele se encolheu no chão, gemendo.
Eu ri. "Ele não está errado."
Os olhos de Conrad se estreitaram. "Você lutou como uma guerreira treinada. Qual é o seu nome?"
"Você não ouviu?" Eu dei de ombros. "Apenas uma vadia ladra."
Seu maxilar se tensionou. "Ladras não defendem matilhas. Elas as destroem para ganhar poder e controle."
"Ah é?" Eu arqueei uma sobrancelha. "Então, por que você está aqui?"
"Eu vim para proteger," ele disse firmemente. "Trouxemos cuidados médicos, comida. Sua matilha será registrada e cuidada. Se um Alfa adequado não for encontrado—"
"Você vai escolher um novo que seja obediente a você?" Eu interrompi.
"Eu não quero obediência," ele disse. "Quero estabilidade. Segurança."
"Para lobos como nós?" Eu ri friamente. "Nós nunca tivemos direitos. Não me venha falar sobre sua preciosa lei."
Ele deu um passo lento em minha direção. "Qual é o seu nome?"
Eu rosnei de volta. "Não estou interessada em criar laços, Majestade."
"Eu não estou aqui para te dominar."
"Não?" Eu desafiei. "Então por que se chama Rei? Reis exigem obediência, não?"
Sua voz baixou. "Reis verdadeiros só querem lealdade e respeito."
Eu o encarei. "Essas coisas se conquistam, não se exigem."
Uma rajada de vento passou por mim—levando meu cheiro direto para ele.
Suas narinas dilataram. Suas pupilas se dilataram. Seu lobo emergiu à superfície, brilhando com seu olhar dourado.
Ele deu meio passo para trás. "Companheira."
Eu congelei.
Não. De jeito nenhum.
Ele deu um passo à frente. "Você—você é—"
"Nem. Pensar," eu rosnei, virando e correndo para as árvores.
"Espere!"
Eu não esperei.
Subi em um tronco e pulei de galho em galho, selvagem e rápida.
"Rastreiem-na!" ele gritou. "Não a percam!"
Eu ouvi o pânico em sua voz, o comando Alfa por trás.
Mas eu não estava ouvindo.
Eu não era dele.
Eu não era de ninguém.
E eu nunca mais seria uma prisioneira novamente.
