Capítulo 03
Cateline suspirou profundamente, tentando manter a calma; tudo o que ela queria era voltar para casa logo. Enquanto organizava algumas cestas, a jovem ouviu um grupo de homens saindo de uma taverna próxima. Ela os ouviu falando sobre um refém, mas não prestou muita atenção. A tenda que ela havia montado com sua irmã estava cheia de clientes, e ela não conseguia se concentrar muito no que acontecia ao redor.
Depois de alguns minutos, sua irmã voltou, carregando duas garrafas de vinho cheias.
"Onde você conseguiu essas bebidas?" Cateline olhou espantada. Lucinda já parecia ter bebido um pouco e estava bastante abatida com algo.
"Ele não quis falar comigo," Lucinda disse, abraçando as duas garrafas enquanto segurava as lágrimas.
"Quem, Luci?" Cateline perguntou, preocupada.
"O filho mais velho do Senhor," Lucinda respondeu, sentando-se em uma cadeira que elas haviam colocado atrás da tenda e desabando sobre a mesa improvisada. "Ele acabou de voltar de uma guerra, e tenho certeza de que tem muita coisa na cabeça."
"Mas... ele estava tão perto de mim; nem sequer olhou para mim, sabe? Eu estou tão bonita, Cate, me arrumei toda," Lucinda disse, virando a garrafa para tomar mais alguns goles. Ela parecia bastante chateada com o encontro.
Rapidamente, Cateline pegou as bebidas, percebendo que sua irmã havia chegado ao limite. "Olha, acho que você deveria ir descansar. Eu cuido das coisas aqui; já estou quase terminando as vendas mesmo."
Cateline ajudou Lucinda a se levantar, segurando-a pelo braço. "Vou ficar de olho nas coisas daqui. A pousada está logo à frente; entre pela porta principal e diga à Dona Ellen que você precisa ir para a cama. Aqui está sua chave."
Cateline observou de longe enquanto sua irmã entrava na pousada. Depois de alguns minutos, Dona Ellen saiu para levar Lucinda ao quarto nos fundos do estabelecimento.
Assim que viu que sua irmã estava segura, Cateline pôde relaxar um pouco. Restavam apenas alguns itens para vender: doces, conservas e os pães restantes. Cateline olhou para as garrafas de vinho; pareciam boas, e a cada momento que passava, pareciam ainda mais deliciosas.
Depois de alguns segundos de hesitação, ela cedeu e tomou alguns goles. No início, o gosto não era tão bom quanto ela havia imaginado, mas depois de beber um pouco mais, parecia melhorar. Cateline vendeu alguns potes e tomou outro gole, vendeu mais alguns pães e bebeu novamente. Antes que percebesse, havia terminado uma garrafa inteira, e seu corpo estava esquentando a ponto de ela se perguntar se deveria tirar o manto.
Cateline decidiu ir até o carro, que estava em um estábulo perto da pousada. Ela caminhou devagar para evitar tropeçar, olhando dentro do carro e percebendo que não havia mais mercadorias. Ela suspirou aliviada e voltou para a tenda. Ouviu o som de galhos quebrando em alguns arbustos na floresta, mas estava muito escuro, e o barulho foi fraco. Cate decidiu ignorar, pensando que poderia ser apenas um gato ou algum animal local. Ela foi para sua tenda e começou a arrumar suas coisas.
Ainda era um pouco cedo, mas depois de beber, seu corpo sentia-se sonolento. Cateline pegou a segunda garrafa e decidiu tomar só mais um pouco; parecia um desperdício deixar aquela garrafa de lado. Bebendo o vinho depois de arrumar tudo, ela caminhou até a pousada. Ainda havia muitas pessoas comemorando nas ruas, então estava bastante barulhento. Ela decidiu ir direto para o seu quarto.
Seu corpo esquentou ainda mais depois de terminar a segunda garrafa. Cateline não aguentava mais o velho manto cobrindo todo o seu corpo; estava sufocando-a. Ela olhou ao redor, e tudo o que havia atrás da pousada era a floresta; não havia ninguém por perto. Decidiu tirar o manto, e foi um alívio. Finalmente, Cate pôde sentir a brisa contra seu corpo, refrescando-a.
Assim que parou e tirou o manto, ouviu novamente o barulho vindo de entre as árvores e arbustos. Sem entender, ela se aproximou devagar, caminhando com cuidado, pois estava muito escuro e o álcool não ajudava sua visão. Cateline viu algo que parecia uma silhueta, alguém muito alto. Ela forçou os olhos, mas no meio da escuridão, não conseguia distinguir detalhes.
"Olá?" Cateline perguntou suavemente, como se não quisesse realmente ser respondida. No entanto, a enorme silhueta se aproximou, emergindo da escuridão. Era um homem forte e muito alto, com cabelos ligeiramente longos e bagunçados que chegavam aos ombros. Sua pele era clara, e embora Cateline não pudesse ver bem, tinha certeza de que aquele homem não era dali. Ela notou suas roupas e as características que pareciam estrangeiras. Ele parecia um pouco sujo e aparentava estar ferido. Talvez tivesse caído de um cavalo ou algo assim?
Cateline nunca tinha visto ninguém como ele. Devia ser um estrangeiro que veio para o festival, já que muitos aliados estavam se reunindo para celebrar. Ele ficou parado, olhando intensamente para ela sem nem piscar.
Cateline se sentiu um pouco envergonhada, tentando cobrir os seios com as mãos e as partes expostas do corpo com o manto. O homem se aproximou lentamente, aparentemente mancando.
Cateline agora podia ver mais claramente. Ele estava ferido, com cortes no corpo e algumas cordas quebradas que haviam sido amarradas ao redor dele. Sua vergonha desapareceu instantaneamente ao ver os ferimentos do homem. Ela cambaleou em sua direção, e ele permaneceu em silêncio, apenas olhando fixamente para ela.
Cateline lutou para se manter de pé e segurou o homem, que era muito maior do que ela, mesmo sendo uma mulher alta. Ela agarrou a camisa dele e usou o manto para cobri-lo. Os cortes pareciam dolorosos, e Cateline queria ajudar.
"Você está bem?" ela perguntou com uma voz trêmula, mas um tom preocupado. Cateline não entendia por quê, mas ao olhar para o homem, sentia-se atraída por ele de alguma forma, como se se conhecessem há muito tempo, e uma sensação inexplicável tomou conta dela.
Apesar dos ferimentos, ele parecia bem, pelo menos era isso que transmitia à jovem sem dizer uma palavra.
"Qual é o seu nome?" o homem perguntou, sua voz forte e firme.
"Eu-eu sou Cateline... e o seu?" Cateline respondeu devagar, seu corpo não respondendo tão bem quanto sua mente devido ao álcool.
Seus corpos estavam muito próximos, e Cateline, percebendo isso, afastou-se timidamente um pouco.
"Eu sou Felix."
Depois de dizer seu nome, ele permaneceu em silêncio, apenas observando Cateline, que novamente se sentiu envergonhada quando ele focou nos seus seios. De alguma forma, ela podia sentir algo vindo dele, como se ele a estivesse atraindo. Seu corpo estava ficando mais quente a cada momento que passava.
Cateline lembrou-se de que havia deixado a garrafa no chão quando foi levar o manto para Felix e foi beber um pouco mais. Ela não sabia como reagir a essa situação. Quando estava prestes a tomar um gole, foi surpreendida pelo homem, que havia chegado rapidamente ao seu lado sem que ela percebesse. Ele estava bem atrás dela, aparentemente surgindo do nada.



































































































































