Capítulo 06

"Cate?! Você está acordada?

Era Lucinda, tão animada e enérgica como sempre, batendo na porta como se quisesse arrombá-la.

"Já vou! Pare de bater, ou a porta vai cair!" Cateline gritou para sua irmã, que imediatamente parou de bater. Depois de alguns segundos, Cate permitiu que sua irmã entrasse. Ao abrir a porta, Lucinda levantou as sobrancelhas ao ver o estado da cama e de sua irmã.

"Cateline? O que aconteceu? Você dormiu com algum animal?" Lucinda disse, pulando até a cama e sentando-se ao lado da irmã, que estava segurando a cabeça, com o cabelo desgrenhado.

"O que tinha naquele vinho?" Cateline perguntou, virando-se para a irmã. Seu rosto ainda estava vermelho, e ela ainda sentia os efeitos no corpo, talvez por isso o desejo por aquele homem misterioso não tivesse desaparecido.

Lucinda começou a rir alto enquanto se levantava. Ela avistou uma das garrafas vazias no chão e imediatamente achou que entendia a situação.

"Então é isso! Você bebeu tudo e ficou louca no quarto! Vou cuidar da carruagem e dar algo para o Drizzle comer! Já passou da hora do café da manhã dele!" Drizzle era o nome do velho cavalo que pertencera ao falecido pai de Cateline. Ele havia comprado o cavalo ainda potro em um dia chuvoso. Devido à pressa causada pela chuva, ele não escolheu o cavalo pessoalmente, apenas pagou pelo que estava mais próximo. Quando chegou em casa e viu melhor o cavalo, se arrependeu de não ter escolhido, então o nomeou Drizzle em homenagem ao dia chuvoso em que foi trazido para casa. Apesar de não gostar do potro à primeira vista, ele se revelou um dos melhores cavalos que o pai de Cateline já teve. Era inteligente e aprendeu tudo o que lhe foi ensinado. Agora estava velho, mas ainda ajudava na fazenda e nas tarefas.

Lucinda saiu do quarto rindo, nem imaginando a verdade, que sua irmã tinha tido uma noite apaixonada com um estranho. Até a própria Cateline não podia acreditar que tinha feito tal coisa.

Cateline acenou adeus, observando sua irmã sair, e então continuou sentada na cama. Depois de alguns segundos, suspirou e se levantou, finalmente pronta para seguir com o dia, pensando que era melhor esquecer tudo. O homem provavelmente tinha voltado para sua terra natal e não se lembrava mais dela.

"Idiota!" Cateline se repreendeu. "Não acredito que estou gostando de um cara que nem conheço!"

Ela resmungou enquanto organizava as coisas no quarto, removendo a garrafa e os cobertores da cama. Tudo trazia de volta as lembranças cada vez que olhava.

Depois de terminar, antes de sair do quarto, olhou para dentro uma última vez. Foi sua primeira vez com alguém, e mesmo querendo esquecer, seria impossível.

Cateline prendeu o colar no peito; o cordão era longo, fazendo-o ficar entre seus seios. Cobriu o vestido manchado de vinho com seu manto e se despediu do quarto, fechando a porta atrás de si. Virou a chave, mantendo tudo o que aconteceu ali em sua mente.

Cateline caminhou em direção ao estábulo improvisado ao lado da pousada. Muitas pessoas estavam reunindo seus pertences para partir e, em frente às tavernas, era possível ver que muitos tinham bebido até não aguentar mais. Alguns ainda estavam deitados no chão, bêbados, enquanto outros riam e tentavam se levantar.

Lucinda terminou de arrumar as cestas e os bancos usados na celebração da noite anterior. Ela ria ao ver os idosos cambaleando e se apoiando uns nos outros. Lucinda estava distraída e, ao desviar o olhar, viu sua irmã se aproximando, parecendo completamente exausta, provavelmente por ter bebido demais e, consequentemente, não ter dormido.

"Cate? Você está bem, irmã?" Lucinda perguntou, pegando a mão da irmã e caminhando com ela em direção à carroça.

"Eu não devia ter deixado as garrafas de vinho com você!" A preocupação era visível na expressão de Lucinda enquanto falava com a irmã. Cateline passou as mãos pelo cabelo ainda desgrenhado.

"Eu te fiz um favor... se não fosse por eu ter bebido, você estaria se sentindo assim agora," disse Cateline com um leve sorriso no rosto. Sua cabeça ainda girava por causa do álcool; ela não estava acostumada a beber e essa era sua primeira experiência com ressaca.

"Uau, você tem razão... obrigada por me salvar disso," disse Lucinda, rindo. Ela estava sempre de bom humor, fazendo piadas e brincadeiras.

As duas irmãs chegaram à carroça e terminaram de preparar as rédeas de Drizzle. Ele parecia cansado, como sempre, mas estava pronto para partir. Elas subiram na carroça e foram até a frente da pousada para se despedir e devolver as chaves do quarto para a Sra. Ellen.

Lucinda desceu, deixando Cateline no assento da carroça para descansar. Cateline olhou ao redor após ver uma silhueta passar por ela. Era alguém alto, vestindo um manto velho e gasto, e o cheiro permaneceu no ar depois que a pessoa desconhecida passou. Ela se perguntou: seria o homem da noite anterior? Cateline se virou rapidamente, procurando a pessoa que acabara de passar, mas ele já havia se misturado à multidão e desaparecido.

"Acho que estou vendo coisas... preciso lembrar de não beber mais aquele vinho!" disse Cateline, voltando sua atenção para a frente, tentando não pensar muito sobre isso.

Sua irmã Lucinda logo apareceu na porta com Ellen, carregando um pequeno pacote.

"Até logo, meninas! Digam à sua mãe para vir mais vezes à vila! Faz tempo que não a vejo," disse Ellen, acenando para as garotas. Lucinda pulou de volta na carroça, jogando o pacote no colo de Cateline, e acenou adeus enquanto a carroça partia.

"São algumas ervas para fazer chá... Vou preparar para você quando chegarmos em casa, tenho certeza de que sua ressaca vai passar depois de tomar!" disse Lucinda para Cateline, que olhou curiosa para o pacote.

"Obrigada... Queria poder tomar agora," respondeu Cateline, sentindo-se abatida.

Lucinda estava muito preocupada com Cateline. Ao contrário da irmã, ela estava acostumada com as bebedeiras que aconteciam quando visitavam a vila.

Algumas horas se passaram e elas finalmente chegaram à fazenda. A mãe delas já estava esperando, com um grande sorriso no rosto ao vê-las. Martin, o irmão mais novo de Cateline e Lucinda, correu ansioso para a carroça, esperando que suas irmãs tivessem trazido um presente para ele. Ele subiu na carroça sem nem cumprimentar as irmãs e começou a vasculhar as cestas e caixas, procurando algo.

"Vocês trouxeram algum presente?" perguntou o menino, desapontado, após perceber que não havia nada ali.

"Desculpe, Martin, não trouxemos nada desta vez," respondeu Lucinda, observando o menino ficar chateado. Elas não podiam se dar ao luxo de comprar presentes toda vez que iam à vila.

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