Capítulo 08
Depois de voltar para casa, Martin não deixava suas irmãs em paz. O garoto rondava as jovens, bombardeando-as com perguntas e testando sua paciência com suas indagações sobre presentes.
Lucinda estava estressada. Infelizmente, a festa da noite anterior não tinha saído como ela esperava. Ela nem sequer conseguiu chamar a atenção do filho do Lorde, que parecia desinteressado, e isso a magoou profundamente.
Naquele momento, tudo o que ela queria era costurar um vestido ainda mais bonito que o anterior, na esperança de finalmente capturar a atenção do homem.
"Martin, por favor, não nos incomode. Eu tenho coisas para fazer!" disse Lucinda, com a paciência se esgotando com o jovem. Martin ficou desanimado com a resposta dela e logo saiu, indo para dentro da casa.
"Vamos, Luci, calma. O garoto só sente sua falta," disse Cateline, tentando aliviar a tensão. Lucinda parecia mais calma antes de voltar para casa. Ela odiava viver no meio da floresta; sempre preferiu vilas e cidades. Ela sempre ficava de mau humor depois de voltar de suas vendas em Springdale.
Cateline tinha se recuperado da ressaca durante as poucas horas da viagem e conseguiu descansar um pouco.
Depois de terminarem de organizar tudo, levaram Drizzle para o estábulo. O cavalo parecia feliz de estar de volta e galopou livremente quando foi solto.
Cateline soltou um suspiro profundo e foi tomar um banho. Ainda era cedo, e o sol estava alto no céu. Ela guardou as ervas que sua irmã lhe tinha dado. Sua náusea tinha passado, e elas poderiam ser úteis mais tarde.
Ela gostava de tomar banho em um pequeno riacho localizado em uma reserva perto de sua casa. Como estava dentro da propriedade de sua mãe, só elas tinham acesso a ele. O riacho tinha águas claras e cristalinas que desciam das colinas, que ficavam fora do território delas.
Cateline tirou seu velho manto e o vestido manchado de vinho, aproveitando para lavá-los. Então, ela notou o colar que tinha momentaneamente esquecido. Ela pensou em tirá-lo, mas lembrou-se da noite anterior. Não queria esquecer aqueles momentos, mantendo a esperança de um dia encontrar o dono do colar novamente.
Seu cabelo estava um pouco sujo, então Cateline decidiu lavá-lo. Parecia que sua energia voltava no momento em que se submergia. Ela lembrou-se do nome do homem. Ele tinha dito que se chamava Félix. Era uma das poucas informações que ela tinha sobre ele.
Cateline tomou seu banho e voltou para casa, onde sua mãe e Lucinda a esperavam para o chá da tarde. Sua mãe estava feliz com as vendas bem-sucedidas e queria parabenizá-las. Dona Milenna tinha assado um bolo delicioso que parecia e cheirava maravilhoso.
Todos se sentaram à mesa, e como de costume, Martin, que sempre estava ansioso, foi o primeiro a pegar uma fatia de bolo. As irmãs e a mãe deram espaço para o mais novo, que era difícil de controlar.
"Cate, como foi em Springdale? Você geralmente volta reclamando da confusão. Hoje você está estranhamente quieta," perguntou Milenna, a mãe das meninas, enquanto cortava o bolo para elas.
Cateline quase engasgou ao lembrar dos eventos, tossindo um pouco antes de responder. "Ah, sim... Foi... muito barulhento, como de costume," respondeu, limpando a boca com um pedaço de pano, tentando respirar normalmente.
Sua irmã e mãe trocaram olhares, achando o comportamento da jovem estranho, e a questionaram. "Você está bem? Parece perdida em pensamentos hoje," Lucinda parecia um pouco preocupada, mas logo caiu na risada que ecoou pela cozinha.
"Aposto que é o álcool! Ela bebeu duas garrafas de vinho, mãe, sozinha! Você acredita? A cama dela estava uma bagunça esta manhã. Nem consigo imaginar nossa Cate bêbada," ela riu tanto que até sua mãe não pôde deixar de sorrir ao ver a reação de Cateline.
"Luci, não provoque sua irmã assim!" ela repreendeu, tentando segurar o riso. Cateline não prestou muita atenção; estava acostumada com sua irmã sempre aprontando.
Depois que terminaram de rir, rapidamente se desculparam, vendo que Cateline continuava séria. "Desculpe, querida... mas você estava tão engraçada quando abriu a porta esta manhã," disse Lucinda, pegando uma fatia de bolo que sua mãe tinha cortado.
Cateline se levantou após comer, não querendo conversar muito com sua mãe e irmãos. Ela não era mais uma adolescente, mas seus sentimentos só agora estavam se manifestando. Sentia-se tola; era a primeira vez que pensava tanto em alguém, e nem sabia por quê.
Lucinda parecia um pouco chateada ao ver sua irmã sair sem dizer nada, mas a deixou sozinha por um tempo.
Cateline deitou-se em sua cama e tentou relaxar, colocando a mão no colar que usava, pressionando-o contra o peito. Depois de alguns minutos, acabou adormecendo, acordando no dia seguinte.
O som dos pássaros a despertou, e ela se espreguiçou antes de se levantar para ajudar nas tarefas domésticas. Precisavam reunir mais materiais e fazer produtos para vender nas áreas próximas à fazenda. Era desafiador para elas como mulheres, mas nunca desistiam, sempre fazendo o melhor para se sustentarem.
Martin já estava cheio de energia, pulando e bombardeando-as com perguntas como de costume. Lucinda estava irritada; sua mente estava ocupada com pensamentos sobre os filhos do Lorde.
— Por que você não vai brincar com os animais? — Lucinda quase grita com o irmão, que ri e sai correndo, deixando-a ainda mais irritada.
— Finalmente você acordou! Eu estava quase matando ele! — Lucinda exclama assim que vê sua irmã, implorando com os olhos para que ela ajudasse. Cateline entende imediatamente quando vê Lucinda e se aproxima dela.
— O que vamos fazer hoje, irmã? — Cateline pergunta um tanto desanimada, e Lucinda percebe isso.
— O que aconteceu com você? Desde que você bebeu aquele vinho, não parece a mesma Cate! — Ela faz beicinho, assim como Martin, parecia ser um traço de família.
— Não é nada... sério! Só estou um pouco cansada... — Cateline diz desanimada, como se tudo o que tinha vivido não passasse de um sonho.
Lucinda se aproxima, abraçando o braço da irmã e descansando a cabeça em seu ombro, como se esperasse ouvir a verdade. Mas Cateline permanece firme em sua decisão de não dizer nada e fica em silêncio.
Sua mãe logo chega, trazendo uma pequena lista de itens encomendados. As vilas vizinhas precisavam de algumas coisas, e elas tinham que produzir e entregar.
Lucinda faz uma careta ao ouvir sua mãe falar, indo até ela e pegando a lista. Ela lê e depois joga na mesa, pensando em como começar a preparar tudo.
Um som do lado de fora chama a atenção de todos, cascos batendo no chão; alguém acabara de chegar. Todos estavam confusos; ninguém os visitava. A família era distante, e não mantinham contato.
Eles correm para fora para ver quem era e logo avistam uma pessoa diferente em uma carruagem luxuosamente esplêndida, algo que nunca tinham visto antes.
Alguém desce, segurando uma bengala, um homem idoso usando uma cartola e roupas de aparência cara. Ele também usava um monóculo, e só pelo jeito que andava, dava para perceber que tinha muito dinheiro. Os olhos das três mulheres se arregalaram de incredulidade.
Ele se aproxima dos quatro e olha para Martin, que era uma criança pequena, talvez um dos últimos a nascer, e entrega uma carta a Lucinda, que estava na frente.
Lucinda a pega, e o homem vai embora sem dizer uma palavra, voltando para a carruagem e partindo.
Ela rapidamente abre a carta, assustada, sem saber o conteúdo, e começa a ler. Apesar de ser uma camponesa, era inteligente e tinha aprendido a ler e escrever desde jovem.
A expressão de Lucinda muda de repente, seus olhos quase saltando enquanto lê a carta, deixando todos ao seu redor curiosos.
Sua mãe corre até ela, pegando a carta e lendo imediatamente.
— Eu não acredito! Deus respondeu às minhas orações! — Lucinda quase grita enquanto gira, rindo incessantemente. Martin e Cateline não entendem nada; apenas esperam que sua mãe explique o que aconteceu.
— Isso é mesmo possível? O Lorde está convocando todas as jovens do condado para comparecerem ao palácio no próximo mês... Ele está selecionando concubinas para seus filhos terem herdeiros antes de voltarem para a guerra... — Milenna, a mãe das meninas, diz, boquiaberta de incredulidade. Era uma oportunidade significativa para as meninas melhorarem suas vidas, especialmente Lucinda, que rezava todos os dias para ser notada pelos filhos do Lorde e sair dali.



































































































































