A Hora da Verdade

  • Tudo bem, Madeleine. - Eu me virei para ela.

Por favor, Nicole, você sabe que não gosto de ser chamada assim. Eu sou sua mãe. - Ela se aproximou, acariciando meu rosto com os dedos. As unhas vermelhas estavam bem pintadas e não havia anel nos dedos.

  • Desculpe, mãe - respondi, olhando para baixo.

  • Agora, vamos! - Ela deu dois tapinhas na minha bochecha. - Tenho negócios na cidade.

Era tão estranho estar perto dela. Sentei ao lado dela no carro, mais como duas estranhas. Não conversamos, nem sequer nos olhamos. Eu não conhecia aquela mulher. O carro parou e ela saiu sem nem dizer adeus.

  • Ela pediu para deixá-la no endereço. - Disse um motorista que eu não conhecia. Acenei com a cabeça em resposta. A viagem continuou em silêncio.

Caminhei em direção à grande casa em um bairro residencial. Fazia tanto tempo que eu não ia lá! Digitei o código do portão e percorri todo o caminho pelos jardins. Quando me aproximei da porta, ela se abriu sozinha. Uma mulher alta, ruiva artificial, estava do outro lado.

  • Você deve ser a Nicole! - ela disse, me dando um grande abraço.

Eu a abracei de volta levemente, sem me animar com a recepção.

  • Eu sou a Summer - ela disse, apertando minha mão. - Sou a assistente pessoal da sua mãe. Nos conhecemos há cerca de onze anos. - Ela abriu a porta para mim.

  • Olá, Summer - eu disse com um sorriso falso ao passar por ela. - Eu me lembro de você. - Franzi a testa enquanto falava, sem me divertir.

Era verdade. Nos conhecemos em um dia que nunca vou esquecer: o dia do funeral do meu pai. Madeleine não pôde vir, então ela enviou sua assistente. Lembro que ela estava um pouco perdida e não sabia o que fazer quando tive um colapso nervoso e não deixei que levassem ele embora. Foi terrível. Era um dia nublado, não havia muitas pessoas lá, apenas Matthew e Summer. Ela me comprou um sorvete, o brinquedo mais caro da loja, acariciou minhas costas e disse que a dor passaria com o tempo. Não posso culpá-la, afinal. Ela não deveria estar lá. Madeleine deveria estar lá.

  • Ela cresceu tanto! Preparamos todos os tipos de menus para você, de panquecas a salada de frutas. Temos bolo, suco de laranja...

Caminhei em direção à cozinha, que ainda era a mesma. Continuei olhando para cada detalhe. Esse espaço me enchia de memórias, boas e ruins... meu pai... Eu me lembro do meu pai. Senti meu estômago se apertar ao inalar o cheiro de café.

Nenhuma:

*"Oi, como você está?"

*"Ainda bem que ela não morreu."

*"Que pena que não te vejo há nove anos, só por videoconferências."

"Sorte que você tinha negócios na cidade, não seria vantagem para mim vir aqui porque você teve um 'mal-estar'."

  • Tudo bem, Madeleine. - Eu me virei para ela.

Por favor, Nicole, você sabe que não gosto de ser chamada assim. Eu sou sua mãe. - Ela se aproximou, acariciando meu rosto com os dedos. As unhas vermelhas estavam bem pintadas e não havia anel nos dedos.

  • Desculpe, mãe - respondi, olhando para baixo.

  • Agora, vamos! - Ela deu dois tapinhas na minha bochecha. - Tenho negócios na cidade.

Era tão estranho estar perto dela. Sentei ao lado dela no carro, mais como duas estranhas. Não conversamos, nem sequer nos olhamos. Eu não conhecia aquela mulher. O carro parou e ela saiu sem nem dizer adeus.

  • Ela pediu para deixá-la no endereço. - Disse um motorista que eu não conhecia. Acenei com a cabeça em resposta. A viagem continuou em silêncio.

Caminhei em direção à grande casa em um bairro residencial. Fazia tanto tempo que eu não ia lá! Digitei o código do portão e percorri todo o caminho pelos jardins. Quando me aproximei da porta, ela se abriu sozinha. Uma mulher alta, ruiva artificial, estava do outro lado.

  • Você deve ser a Nicole! - ela disse, me dando um grande abraço.

Eu a abracei de volta levemente, sem me animar com a recepção.

  • Eu sou a Summer - ela disse, apertando minha mão. - Sou a assistente pessoal da sua mãe. Nos conhecemos há cerca de onze anos. - Ela abriu a porta para mim.

  • Olá, Summer - eu disse com um sorriso falso ao passar por ela. - Eu me lembro de você. - Franzi a testa enquanto falava, sem me divertir.

Era verdade. Nos conhecemos em um dia que nunca vou esquecer: o dia do funeral do meu pai. Madeleine não pôde vir, então ela enviou sua assistente. Lembro que ela estava um pouco perdida e não sabia o que fazer quando tive um colapso nervoso e não deixei que levassem ele embora. Foi terrível. Era um dia nublado, não havia muitas pessoas lá, apenas Matthew e Summer. Ela me comprou um sorvete, o brinquedo mais caro da loja, acariciou minhas costas e disse que a dor passaria com o tempo. Não posso culpá-la, afinal. Ela não deveria estar lá. Madeleine deveria estar lá.

  • Ela já está crescida! Preparamos todos os tipos de menus para você, desde panquecas até salada de frutas. Temos bolo, suco de laranja...

Caminhei em direção à cozinha, que ainda era a mesma. Continuei olhando cada detalhe. Esse espaço me enchia de memórias, boas e ruins... meu pai... lembro do meu pai. Senti meu estômago se contrair ao inalar o cheiro de café.

  • ... tudo já está preparado agora - acrescentou Summer. Nem percebi que ela ainda estava falando, até que o enjoo matinal me surpreendeu.

  • Sim... - coloquei a mão sobre a boca. A mesa estava cheia, com todos os tipos de pães, bolos e panquecas. - Muito obrigada, deve ter dado muito trabalho preparar tudo isso...

Ela soltou uma risada histérica. - Não, eu pedi tudo esta manhã.

Ah, certo.

  • Prefiro não comer nada. Estou cansada, se não se importar, vou para o meu quarto.

  • Madeleine não vai gostar nada disso - ela respondeu.

  • Olha - eu disse. - Você não precisa fingir ser minha mãe. - Bufei, batendo os pés e subindo as escadas.

Passei o dia inteiro pensando no que ia fazer. Vivian tinha razão, não havia como sair dessa situação sem cometer um aborto. Esperava que pelo menos uma delas me ligasse e me ajudasse, de alguma forma, pelo menos com uma palavra amiga. Que tolice a minha. Que tipo de apoio elas dariam a uma amiga mentirosa.

Sentei na pequena cama que era minha quando criança e tirei a pequena caixa onde costumava guardar fotos, olhando cada uma delas. No verão antes da doença do meu pai, ele me deu um ursinho de pelúcia. A foto me mostrava feliz segurando-o ao redor de uma árvore de Natal. É uma das poucas boas lembranças que tenho antes de ele adoecer. Folheei cada foto, sentindo as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. As memórias eram dolorosas, por isso nunca voltei. A casa me lembrava mais coisas ruins do que boas. Momentos depois, coloquei tudo no lugar e deitei desconfortavelmente na cama.

Tive uma noite terrível. Summer bateu algumas vezes na porta e jantamos juntas na grande mesa de jantar. Madeleine, por outro lado, não apareceu. Senti pena de Summer, ela tinha arrumado tudo. Mesmo que a comida tivesse sido comprada, ela teve o trabalho de arrumar a mesa. Mas, pelo visto, ela não se importou quando minha mãe cancelou o jantar. Percebi que isso era algo a que ela estava acostumada. Ser pisoteada por Madeleine.

  • Ela está muito ocupada - disse ela, sentando-se em seu lugar. - Mas quando você for para Nova York, vocês podem passar mais dias juntas. - Ela sorriu docemente.

Mais tarde, quando subi, meu celular vibrou na cômoda. Atendi imediatamente, era Alice.

  • Err... uh... Nicole... É só que... um...

  • Oi Alice - respondi tristemente.

  • Olá querida. Ela suspirou então. - Não posso ficar muito tempo no telefone, estou dirigindo. - Ela abafou um sorriso. - É só que se você ainda quiser resolver isso.

Demorei um pouco para entender o que isso significava.

  • Ah... uh... o b... b... - acrescentei desajeitadamente.

  • Sim... uh... Não vou enrolar, Luck está saindo da cidade para acompanhar o pai na campanha. O que significa que se você não falar com ele hoje, provavelmente não conseguirá. Eles abriram a cabana novamente para uma festa de coquetel da campanha política do pai. É só para membros do partido, mas acho que ele não terá problema em entrar lá. Depois disso, ele vai embarcar. Se quiser, posso ir com você.

  • Agradeço, Alice. Isso é importante para mim. Quero dizer, sua ligação. Sua ajuda... - Corei, como se ela pudesse ver meu nervosismo do outro lado da linha.

  • Tudo bem, Nicole, somos amigas e isso nunca vai mudar. Vivian... ela é difícil, passou por muita coisa, mas não deveria ter te tratado assim.

  • Você a viu? - perguntei, quase sem fôlego.

  • Não - ela riu. - Ela não atende minhas ligações.

  • Sinto muito, Alice, não queria te chatear assim.

  • Não. Não se desculpe pelo temperamento de Vivian, só dê um tempo a ela. E sobre o Luck, se você quiser, posso te acompanhar. Consegui com o amigo dele, o menos idiota Antony, para te colocar pela ala dos funcionários. - Posso sentir ela dando um sorriso triste, a decepção clara em seus olhos. - Desculpe, é a única maneira de falar com ele. Passei o dia todo tentando encontrar uma maneira de nos colocar lá dentro. Podemos ir juntas.

  • Agradeço muito, mas preciso ir sozinha.

  • É... Eu entendo. - Suspirou tristemente. - Só não esqueça que estou aqui.

  • Nunca - eu sussurrei.

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