Testamento

Depois de trocar de roupa para algo mais confortável, Oliva voltou para a sala de estar. As pessoas estavam sentadas em sofás e poltronas, enquanto o advogado estava de pé no meio, segurando uma grande pasta de documentos. A sala estava cheia de expectativa pelas notícias.

"É bom ver todos vocês aqui. Leonard Moore deixou seu testamento final," o advogado da família falou solenemente, capturando a atenção de todos. "Ele não fez muitos arranjos de última hora, apenas um."

"Apenas diga o que ele queria, chega de suspense," um conselheiro nervoso interveio.

O advogado olhou para os documentos em suas mãos e respirou fundo, preparando-se para o caos que se seguiria assim que revelasse o conteúdo.

"Leonard quer que Oliva assuma a liderança, tanto nas empresas quanto na alcateia," ele finalmente revelou, preparando-se para a inevitável confusão.

O silêncio caiu sobre a sala, com apenas o som de Oliva engasgando com a água que estava bebendo. Todos os olhos se voltaram para a garota, cujo rosto ficou vermelho enquanto ela tossia descontroladamente, tentando recuperar o fôlego. Ela não podia acreditar no que acabara de ouvir.

"O QUÊ?!" Ela gritou involuntariamente, sentindo como se isso tivesse que ser algum tipo de piada.

O desespero tomou conta dela enquanto procurava o olhar do irmão, apenas para encontrá-lo sorrindo levemente. Ele achou a reação dela divertida e deu de ombros, silenciosamente transmitindo que não havia nada que ele pudesse fazer.

"Como Leonard pode deixar tudo nas mãos de uma ômega?" um dos acionistas exclamou. "Essa posição deveria pertencer a Samuel, um alfa que foi treinado para dirigir a empresa!" Murmúrios se espalharam pela sala, com todos falando ao mesmo tempo.

"O que você quer dizer com 'UMA' ômega?!" Oliva se levantou, enfrentando o homem com nervosismo evidente em sua voz. Ela odiava quando as pessoas enfatizavam seu status de ômega, como se fosse um defeito ou deficiência de caráter. "Não se refira a mim com essa arrogância ridícula!"

"Meu pai está certo," Samuel interveio, capturando a atenção de todos. Ele manteve uma expressão composta e divertida no rosto. "Oliva é a filha mais velha do nosso pai. Ela tem experiência em lidar com lobos e é muito melhor do que eu em questões de relacionamentos interpessoais." Ele olhou ao redor, deixando clara sua posição. "Ela é uma Moore, assim como meu pai e eu."

"Calma, ainda há certas condições que Leonard quer que Oliva cumpra para assumir a liderança," Bradley interveio, recapturando a atenção da sala.

"Era só o que me faltava! O que ele quer de mim?" Oliva cruzou os braços, sua voz cheia de exasperação.

"Ele deixou claro no testamento que, para você assumir a posição de liderança, deve estar casada dentro de dois dias a partir de hoje," o homem declarou calmamente.

Os queixos de Oliva e de todos os outros caíram em descrença. Até Samuel ficou surpreso com as palavras que ecoavam pela sala. As peças do quebra-cabeça começaram a se encaixar na mente de Oliva. Ela era uma mulher de vontade forte, e seria um desafio para ela se casar com alguém. Seu pai tinha sido astuto, garantindo que houvesse uma obrigação para ela ter um herdeiro.

"Eu me casarei com você, Oliva," um cavalheiro desprezível entre os acionistas sugeriu, quebrando o silêncio. "Você precisa de um alfa forte para dominá-la, para que finalmente possa cumprir seu papel de ômega e esposa."

"Eu concordo. Podemos até fazer uma lista de pretendentes para você. Pelo menos você não é feia," outro comentou.

"Como ousa se referir a mim dessa maneira, seu homem desprezível!" O sangue de Oliva fervia de raiva. Como se antecipasse a reação da irmã, Samuel a segurou firmemente para impedir.

"Ouçam bem, qualquer um que disser mais uma palavra dessa besteira será convidado a sair da pior maneira possível!" Samuel falou com contenção, sua raiva evidente. Eles não suportavam a maneira como a irmã estava sendo tratada como inferior. "Não perca tempo com isso, Oliv. Concentre-se no que papai disse, porque agora não é hora de brigar."

Os nervos estavam à flor da pele e a tensão encheu a sala. Oliva respirou fundo, tentando se acalmar.

"Se não for um de nós, quem você acha que vai querer se casar com você? E em apenas dois dias!" o conselheiro comentou. "É uma loucura."

"Senhores, por favor, acalmem-se. Leonard declarou que, se Oliva recusar a proposta, haverá uma votação entre os diretores, sem regras. Isso pode virar um caos," Bradley interveio, passando as mãos pelos cabelos. Ele lutava para manter o controle da situação.

"Por que Samuel não tem que lidar com essas regras ridículas de casamento?" Oliva questionou o advogado, deixando-o sem palavras, já que ele estava apenas transmitindo a mensagem que lhe foi dada. "Ele não disse nada sobre casamento para você?" Oliva direcionou sua pergunta ao irmão, que também não sabia como responder.

"Oliv, sente-se e tente se acalmar," Samuel pediu. "Você não vai conseguir pensar direito assim. E eu não posso liderar ninguém. Você está certa; eu posso assumir algumas responsabilidades na empresa, mas o resto é com você. Eu não quero nada além disso." Ele se sentou ao lado dela, tentando encorajá-la.

Samuel nunca desejou uma posição dessa magnitude. Ser o líder da alcateia não fazia parte de seus planos, e ele deixou isso claro para o pai. Talvez fosse egoísta pensar assim, mas ele acreditava que poderia ser benéfico para Oliva se casar. Isso poderia ajudá-la de alguma forma.

Oliva se sentou, mais uma vez tentando se acalmar. Era desafiador com meia dúzia de pares de olhos sobre ela, sussurrando coisas absurdas sobre sua personalidade forte e sua incapacidade de controlar os acessos de raiva. Era irônico porque tal comportamento era tipicamente associado aos alfas, não comum entre ômegas. Oliva soltou uma risada irônica.

"Ah, esqueci de mencionar. Oliva não pode se casar com qualquer um. Leonard deixou muito claro que há apenas dois nomes como sugestões. Deixe-me encontrá-los aqui," o advogado anunciou, criando uma atmosfera de expectativa. Poderia ser qualquer um.

A espinha de Oliva gelou. Haveria um nome que poderia potencialmente arruinar o resto de sua vida, deixando-a amarga.

"Encontrei! São Matteo e Lian Allen," Bradley declarou, escaneando a sala. "Eles estão aqui, certo?"

Os olhos de Oliva se arregalaram de surpresa enquanto ela imediatamente procurava os irmãos Allen na sala. Eles estavam sentados em um sofá no canto, com expressões perdidas em seus rostos. Ela os avistou no momento em que eles também a viram, chocados e sem palavras.

Os irmãos, que momentos atrás estavam aproveitando o espetáculo dos ricos discutindo, vendo isso como um filme de comédia dos melhores assentos da casa, agora se encontravam perplexos e sem palavras. Eles trocaram olhares e engoliram em seco, percebendo que foram inesperadamente lançados no centro desse drama em desenvolvimento.