Andrew, bebê de Adeline, é apresentado ao tribunal
Com cada dia que passava, minha força retornava. Sentia o vigor voltando ao meu corpo. Notícias sobre o reaparecimento inesperado de Cecelia se espalhavam pelo castelo, lançando um ar de incerteza. Sussurros percorriam os corredores. Os murmúrios chegavam aos meus ouvidos, carregados de antecipação. Os grandes corredores vibravam com uma energia enigmática que parecia pulsar sob a superfície de tudo.
Meu foco, no entanto, permanecia em meu filho, Andrew. Sua mera presença me enchia de alegria. Ele era meu consolo. Seu riso ecoava pelo berçário. Eu o embalava. Admirava o quanto ele se parecia com o pai, desde o cabelo negro como a noite até aqueles olhos penetrantes. Andrew era minha esperança, minha razão para acreditar no futuro.
Finalmente, depois do que parecia uma eternidade, encontrei forças para sair da cama. Era hora de retomar o papel para o qual eu havia nascido. Fui criada para ser rainha, e levaria adiante o legado de minha mãe com graça.
Hoje à noite apresentaremos Andrew à corte. Dias foram gastos preparando essa celebração. A corte estava em alvoroço, aguardando ansiosamente a grande entrada do Príncipe Andrew, herdeiro do trono. O castelo, adornado com majestosas tapeçarias que retratavam séculos de história, testemunhava este dia monumental.
O salão de banquetes brilhava; cada centímetro foi meticulosamente preparado para a ocasião. Tons ricos e padrões intrincados adornavam as paredes. O aroma de comida farta e as doces melodias criavam uma atmosfera de celebração e grandeza. Músicos escondidos tocavam melodias que flutuavam pelo ar como um feitiço, suas notas se entrelaçando com a luz tremeluzente das velas, lançando sombras brincalhonas pelo salão.
Eu estava no coração das festividades, observando a cena. Vestida com um vestido que parecia fluir como seda líquida. Sentia-me cada centímetro a rainha. O vestido, pesado com rendas intrincadas e enfeites cintilantes, carregava o peso do meu título. As cores da nação adornavam seu tecido, um tributo à orgulhosa história do reino. Embora o vestido puxasse meu corpo ainda em recuperação, eu me mantinha ereta, determinada a mostrar minha força.
Ao meu lado, Alexander examinava a sala. Do outro lado do salão, Cecelia estava com seu filho Nathan, usando um sorriso que parecia em desacordo com a atmosfera, um brilho travesso nos olhos. Alcancei a mão de Alexander. Ele sorriu, relaxando ligeiramente.
Com um aceno, sinalizei o início das festividades. A sala explodiu em uma sinfonia de taças tilintando, risos e danças. O reino havia se reunido para esta grande celebração, uma noite que ninguém esqueceria tão cedo.
Subi em direção ao trono. Andrew nos meus braços. A corte explodiu em um mar de reverências e mesuras.
"Viva o Príncipe!" ecoou pelo salão.
Alexander tomou seu lugar ao meu lado, e eu o segui, as cortinas se fechando para nos conceder um momento de privacidade. Alexander estendeu a mão para nosso filho, e eu coloquei Andrew gentilmente em seus braços. A expressão em seu rosto era de pura alegria, como se eu tivesse lhe dado o presente mais precioso do mundo. A sala parecia desaparecer, deixando apenas nós três.
"Meu amor, você é um grande rei e pai."
"Minha querida Adeline, você é exatamente a rainha que este reino precisa."
"Uma mãe e uma governante de grande força."
Suas palavras eram um conforto, mas minhas dúvidas ainda persistiam. Antes que eu pudesse me aprofundar nelas, a tranquilidade foi quebrada pelo som suave de passos. Cecelia apareceu na varanda, banhada pela luz da lua. Sua silhueta lançava longas sombras pelo chão. Sua presença repentina encheu o ar de tensão, seu sorriso escondendo algo mais profundo.
"Cecelia, o que a traz aqui?"
Seu olhar se voltou para Alexander, um lampejo de intenção não dita em seus olhos.
"Quando apresentaremos Nathan à corte?" ela perguntou, sua voz carregada de urgência.
"Não haverá apresentação formal," Alexander respondeu, suas palavras firmes.
"Ele não tem direito ao trono."
Um silêncio pesado pairou entre nós. A expressão de Cecelia se endureceu.
"Uma promessa me foi feita há muito tempo."
"Meu amor por Adeline é verdadeiro."
"Nosso filho, Andrew, será rei."
"Nathan não tem lugar nesta corte."
"Nem você, Cecelia."
"Você deveria voltar para seu marido."
"Meu marido se juntará a mim aqui amanhã," Cecelia disse rapidamente.
Estávamos à beira de um futuro incerto, nossos destinos entrelaçados, mas divergentes. A varanda, outrora um lugar de paz, havia se tornado um palco para o choque de destinos. A babá chegou para levar Andrew de volta ao berçário. Pressionei um beijo suave em sua testa antes de vê-lo partir. As cortinas se abriram novamente, revelando a cena animada na pista de dança. A música aumentou. Alexander estendeu a mão para mim.
"Posso ter esta dança, minha rainha?"
"Será um prazer, meu senhor."
Juntos, descemos a grande escadaria e fomos para a pista de dança. A música nos envolveu, e enquanto começávamos a nos mover, o resto do mundo desapareceu. Dançávamos em perfeita harmonia, as notas guiando nossos passos como se toda a noite tivesse sido criada para este momento.
A mão de Alexander repousava gentilmente em minha cintura, me ancorando em meio ao turbilhão do salão de baile. Movíamo-nos juntos. O peso da coroa, do reino e de todas as responsabilidades que vinham com ele parecia derreter. Naquele momento, éramos apenas nós dois.
A música cresceu. Nossa conexão se aprofundou, nossos passos se tornando uma conversa íntima por si só. As preocupações do reino, as ameaças veladas de Cecelia e os sussurros da corte desapareceram, deixando apenas a dança e o calor do toque de Alexander.
A noite se estendeu, a música e o riso se misturando em uma tapeçaria de celebração. Após a dança, encontramos um breve refúgio nos jardins, onde a luz da lua pintava o mundo de prata. O aroma das flores enchia o ar, e por um momento, havia paz. Caminhávamos de mãos dadas, a brisa suave afastando as preocupações da corte, o peso do futuro e as sombras que pairavam à distância.
