CAPÍTULO 2

Assim que começaram a se mover, ela não pôde deixar de pensar em Connor. Ele era a pessoa mais gentil que ela já havia conhecido; não merecia morrer. Se ele ainda estivesse aqui, não permitiria que ela fosse inscrita no Matchmaker; eles poderiam ter ido embora e encontrado uma nova vida em algum lugar. Esperançosamente, ela ainda poderia, só que no mundo humano, isso é, assumindo que ela sobrevivesse a tudo isso.

Saphira não sabia para onde estavam indo ou quanto tempo levaria para chegar lá. Nunca tinha se aventurado além das fronteiras da alcateia Silvermoon antes.

Saphira perguntou educadamente ao motorista, “Com licença, senhor, estamos longe do nosso destino?”

“Chegaremos ao aeroporto em cerca de duas horas, senhorita.” Ele respondeu.

“Aeroporto?” Ela perguntou, confusa, sem pensar que seria para fora do país.

“Bem, sim, não posso dirigir sobre a água.” Ele respondeu, rindo para si mesmo.

“Obviamente.” Ela murmurou sob sua respiração.

O motorista perguntou se Saphira já tinha viajado para o exterior. Ela admitiu que essa era a primeira vez que deixava a alcateia, enquanto olhava pela janela. Sua vida tinha sido tão confinada e controlada que nunca teve a chance de ver o mundo exterior, o que ela achava bastante triste. O motorista expressou a esperança de que Saphira aproveitasse a viagem, e ela assentiu em resposta, continuando a olhar o mundo pela janela, sabendo que poderia ser sua única maneira de experimentá-lo.

Saphira se lembrou de aprender sobre o Matchmaker na escola. Originalmente, era usado para encontrar um parceiro da própria espécie. Ter um parceiro agora era uma escolha, mas anos atrás havia rumores de que os indivíduos eram destinados a estar juntos. Isso não acontecia há séculos. Agora, escolhia-se um parceiro, e uma vez que se marcavam, um vínculo especial deveria se formar, despertando um sentimento mágico.

Saphira se lembrava de ter aprendido que, no passado, as combinações eram feitas com base na compatibilidade de DNA e personalidade. Se os parceiros combinados não se conectassem, poderiam deixar o programa livremente e voltar para casa ou entrar novamente no Matchmaker para outra tentativa. No entanto, com o tempo, as regras mudaram, e o processo não funcionava mais dessa forma. O Matchmaker se tornou um dos lugares mais perigosos para ir. Todos os seres sobrenaturais agora eram misturados, e uma vez escolhidos para participar, não tinham escolha a não ser obedecer ou enfrentar a morte. Saphira sabia que, no mundo sobrenatural, o Matchmaker detinha a forma mais alta de autoridade, e o que ele decidisse era final.

O Matchmaker era dividido em duas metades: os fortes e os fracos. Os fortes, escolhidos com base no status e poder, eram geralmente forçados a entrar no Matchmaker para tentar produzir uma linhagem ainda mais forte. Eram obrigados a permanecer até serem emparelhados, saindo com um parceiro escolhido ou concordando mutuamente em se separar após dez dias.

Por outro lado, os fracos eram tipicamente forçados a entrar no programa por serem indesejados ou por outras intenções negativas. Ocasionalmente, alguns entravam voluntariamente na esperança de encontrar um parceiro poderoso, mas isso estava se tornando menos comum com a mistura de seres sobrenaturais.

Os fracos que eram forçados a entrar no Matchmaker enfrentavam três possíveis desfechos. O primeiro era ter a sorte de ser emparelhado com um parceiro escolhido. O segundo era concordar em se separar após dez dias, permitindo que o parceiro retornasse para casa enquanto o outro seria banido da sociedade sobrenatural. O desfecho final era a morte. Se o acasalamento não fosse viável entre os pares, o desespero dos fracos para evitar o banimento muitas vezes levava a tentativas de acasalamento forçado, resultando em sua morte.

Saphira sabia que estava entrando como um ser fraco, sem habilidades ou meios de defesa. Ela duvidava que duraria mais de cinco minutos.

Assim como o motorista havia dito, eles chegaram ao aeroporto em pouco mais de duas horas. Em vez de parar na entrada principal, eles seguiram por uma entrada lateral que levava diretamente à pista e pararam ao lado de um avião menor e luxuoso.

“Aqui estamos, senhorita. Vou pegar sua mala, você pode embarcar,” disse o motorista a Saphira.

Enquanto Saphira saía do carro e se dirigia ao avião, ela notou um homem mais velho esperando ao lado da escada. Ele fez um leve aceno com a cabeça enquanto ela se aproximava, e ela agradeceu antes de começar a subir as escadas. Quando chegou ao topo, ela passou por um pequeno espaço que separava as escadas do avião e olhou ao redor. Ela ficou impressionada com o quão bonito tudo era. Havia quatro cadeiras de couro luxuosas com bandejas de comida e bebida em cada uma. Ela não pôde deixar de pensar que era uma maneira elegante de mandar alguém para a morte.

Saphira se sentou e ficou confortável. Pouco depois, o motorista entrou e se sentou em frente a ela.

“Qual é o seu nome?” ela perguntou, curiosidade misturada com nervosismo.

“Meu nome é Jed,” ele respondeu com um sorriso, tentando tranquilizá-la.

“É um prazer conhecê-lo, Jed. Eu sou Saphira.” Ela se apresentou, sentindo que era o certo a fazer, mesmo que ele provavelmente já soubesse seu nome.

“É um prazer conhecê-la, Saphira,” ele respondeu, seu tom genuíno.

Eles tomaram uma bebida enquanto o avião começava a decolar. Nunca tendo estado em um avião antes, Saphira achou a sensação de deixar o solo incrível. Ela apertou os apoios de braço com força e respirou fundo, tentando acalmar seu coração acelerado.

“É sua primeira vez voando, não é?” Jed observou, percebendo seu aperto de mão branco.

“Sim,” Saphira admitiu, “É ao mesmo tempo emocionante e aterrorizante.”

Jed riu suavemente. “Você vai se acostumar. Apenas mantenha sua mente ocupada. Então, o que você acha do Matchmaker?”

Saphira hesitou, seus pensamentos girando com as histórias que havia ouvido. “Honestamente, estou com medo. Parece um lugar tão perigoso, especialmente para alguém como eu.”

Jed assentiu, compreendendo. “Pode ser. Mas às vezes, são as combinações inesperadas que acabam sendo as mais fortes. Você nunca sabe o que pode acontecer.”

Saphira ponderou suas palavras, tentando encontrar algum conforto nelas. “Você acha que há alguém lá fora para todos?” ela perguntou, expressando uma questão que estava em sua mente há muito tempo.

Jed levou um momento para responder. “Eu gostaria de acreditar nisso. Mas é tão raro hoje em dia.”

Saphira olhou pela janela, observando as nuvens passarem. “Eu só espero ser forte o suficiente para sobreviver a isso.”

Jed lhe deu um sorriso reconfortante. “Você é mais forte do que pensa, Saphira. Apenas dê um passo de cada vez.”

Ela assentiu, sentindo uma pequena faísca de esperança acender dentro dela. Talvez, apenas talvez, ela encontrasse seu lugar neste mundo imprevisível. E com esse pensamento, ela se acomodou na cadeira, pronta para enfrentar os desafios que estavam por vir.

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