3. ODEIO

LAYLA || AGORA

Layla prendeu a respiração, esperando que ele falasse, qualquer coisa, além de apenas observá-la em silêncio. Seus olhos a examinaram de cima a baixo, sem nenhuma tentativa de discrição. Por que ele faria isso? Ele não temia nada.

Ela já tinha visto esse olhar antes, a raiva nos olhares dos homens antes de baterem, o desejo enquanto ela trabalhava em bares, o triunfo em seus sorrisos enquanto tudo o que ela podia fazer era encarar mãos imundas. Mas o olhar dele era diferente. Nada. Nenhuma emoção. Nenhum julgamento. Nenhuma suavidade. Nenhuma expressão. E isso a aterrorizava. Ele poderia fazer qualquer coisa, e não havia como prever, muito menos escapar.

Seu passado lhe ensinara uma coisa: nunca mostrar fraqueza. Predadores prosperavam nisso. Então ela endireitou a coluna, encontrando o olhar dele. Algo brilhou nos olhos dele—diversão, ou seria sua imaginação?

"É preciso coragem para me seguir," ele disse casualmente, sua voz profunda se assentando em seu estômago como chumbo.

"Des... desespero," ela sussurrou, rouca e envergonhada pela voz trêmula.

Ele não falou. Não se moveu. Não exigiu nada. Nada. E naquele momento, ela quis chorar. Estava exausta—todo esforço parecia inútil. As lágrimas vieram antes que ela pudesse detê-las. A fachada corajosa desmoronou.

"Por favor..." ela implorou. "Minha menininha não tem opção." Ela odiava implorar, mas faria qualquer coisa por Lilly.

"De joelhos," ele ordenou.

Um arrepio percorreu sua espinha. Ela sabia onde isso ia dar. Mas se ajoelhar pudesse salvar Lilly, ela suportaria. Sem hesitação, ela se abaixou, punhos cerrados ao lado do corpo, preparando-se para o que ele exigisse. Ele poderia fazer o que quisesse; ela suportaria a vergonha depois. ELA NÃO É UMA PROSTITUTA—mas naquela sala, ela pareceria uma.

Ele se aproximou, e ela apertou os olhos, lágrimas escorrendo apesar do esforço para segurá-las. A vergonha queimava intensamente. Ela era mãe.

"Você venderia seu corpo pela sua filha?" ele perguntou, os olhos fixos no topo da cabeça dela.

"Se isso for necessário para ajudá-la," ela sussurrou.

"Se está tentando ganhar simpatia com sua menininha, está fazendo um péssimo trabalho," ele disse.

Suas unhas cravaram nas palmas das mãos, a fúria correndo por suas veias. "Eu nem olharia para sua cara se não fosse por ela."

"A última vez que verifiquei, você deveria implorar," ele retrucou.

Ele mostrou o lugar dela. Revelou suas verdadeiras cores. Um monstro, afinal.

Lágrimas brilharam enquanto ela olhava para ele, e seus olhos se estreitaram. "O que é preciso para fazer você concordar?"

Ele se aproximou mais. "Tire meu cinto," ele disse, e o coração dela pulou uma batida. O medo apertou seu peito. Ela atrapalhou-se, tremendo, agarrando-se a cada fragmento de compostura.

POR LILLY. PELA SUA MENININHA. PELA PROMESSA DE DAR A ELA O MUNDO.

Zaley segurou seu queixo, inclinando seu rosto para cima. Seu polegar traçou os lábios dela, e ela estremeceu. "Você faria qualquer coisa?"

Ela assentiu desesperadamente, completamente à mercê dele. "Não é uma cirurgia grande," ela sussurrou, ajoelhada entre suas pernas.

Por favor, diga sim. Por favor, salve-a.

Ele enfiou um dedo na boca dela. Ela congelou. Na sua mente, parecia simples—fazê-lo feliz e se entregar—mas ela não fazia isso há anos. Ela não estava pronta. Nunca estaria.

"Você está quebrada," ele disse, expressão estoica. "O que eu faço com uma boneca quebrada?"

Ela não tinha resposta. Era um caso perdido—sem esperança, sem futuro, sem identidade. Só Lilly a mantinha viva. Sem ela, já teria acabado com o sofrimento há muito tempo.

"Qual é o seu nome?" ele perguntou.

Engolindo, a esperança despertou. "La... Layla," ela sussurrou. Será que isso seria suficiente para convencê-lo? Ela tinha que esperar.

Um murmúrio escapou da garganta dele. Ele deu um passo para trás, afivelou o cinto e a deixou ajoelhada. O toque dele ainda queimava, e qualquer esperança que havia surgido murchou antes de crescer.

Outras mulheres entraram no banheiro, lançando olhares julgadores. Algumas sorriram com desdém, endurecidas pela mesma vida que ela levava; outras a olharam com pena; e algumas, que nunca viveram suas lutas, mostraram nojo. Ela havia se tornado oficialmente uma daquelas mulheres—daquelas que se jogavam aos peixes grandes, esperando por pérolas.

Ela o observou entrar em um SUV preto, seguido por seis outros. Não era um presidente, nem um político, nem uma celebridade—apenas um chefe do crime com poder inigualável sobre a cidade.

Ela havia falhado novamente. Uma hora de maquiagem, uma hora de viagem, uma hora lidando com uma Lilly relutante—tudo perdido. Nada havia mudado. O que aconteceria quando ela o seguisse novamente? Por que ele não tomou o que queria? Ela obedeceu, suportou—então por quê?

Ela vomitou assim que chegou em casa. Ela odiava o clube, aqueles homens, suas mãos, e mais do que tudo, o homem de olhos azuis que a mantinha de joelhos sem piscar. Ela odiava sua própria impotência. Será que ela poderia mudar sua vida? Nada poderia reescrevê-la—sem Lilly, ela não era nada.

"Mamãe..." Lilly chamou. Layla limpou o rosto, forçou um sorriso e abraçou sua filha.

"Oi, Docinho. Por que você não está dormindo?"

"Você disse que iríamos ao parque hoje," Lilly reclamou. "Você disse que poderíamos ver esquilos grandes. Eu quero levar um para casa e criá-lo."

O peito de Layla apertou. Promessas quebradas por dinheiro, por doença, por circunstâncias.

"Eu sei. Algo aconteceu, Docinho. Na próxima vez," ela sussurrou. Lilly assentiu e fechou os olhos, cansada demais para argumentar. Layla a segurou, com as costas doendo, ignorando sua dor como sempre fazia. Lilly era o mais importante—sua menininha que nem consegue pronunciar esquilos direito. Layla faria qualquer coisa por ela.

"Eu prometo," ela sussurrou silenciosamente, agarrando-se à esperança de que um dia elas escapariam da cidade e da miséria que ela continha.

Seu telefone tocou. Ela odiava notificações, mas não tinha escolha, a vida de Lilly exigia vigilância. O e-mail a fez piscar. Uma chamada para entrevista. Ela leu novamente. De novo. Seu pulso acelerou. O grande "Z" no final fez seu estômago revirar.

Z's Towers. ZED Corporation. Departamento de tecnologia imobiliária. Para um cargo de redatora técnica.

Capítulo Anterior
Próximo Capítulo